Estratégia de escolha ideal
Estamos constantemente confrontados com diferentes opções: Devo comer chocolate ou biscoito? Devo pegar o ônibus ou ir de carro? Devo vestir uma roupa leve ou um agasalho?
Quando a diferença de qualidade entre duas opções é grande, a escolha é feita muito rapidamente. Mas, quando essa diferença é insignificante, podemos ficar presos por alguns minutos - ou até mais - antes de sermos capazes de tomar uma decisão.
Por que é tão difícil decidir quando confrontados com duas ou mais opções? Será que nosso cérebro não está otimizado para tomar decisões?
Na tentativa de responder a essas perguntas, neurocientistas da Universidade de Genebra (Suíça) e Harvard (EUA) desenvolveram um modelo matemático da estratégia de escolha ideal.
Tipos de tomada de decisão
Satohiro Tajima e seus colegas demonstraram que as decisões ótimas devem se basear não no valor real das escolhas possíveis, mas na diferença de valor entre elas. Segundo a equipe, essa estratégia de tomada de decisão maximiza a quantidade de recompensa obtida com a decisão.
O trabalho parte do pressuposto da existência de dois tipos de tomada de decisão: Primeiro, há a tomada de decisão perceptiva, baseada em informações sensoriais: "Tenho tempo para atravessar a rua antes que o carro se aproxime?", por exemplo. Segundo, há uma tomada de decisão baseada em valor, quando não existe uma decisão boa ou ruim, mas é necessário fazer uma escolha entre várias propostas: "Eu quero comer uma maçã ou uma pera?"
Ao tomar decisões baseadas em valor, as escolhas são feitas muito rapidamente se houver uma grande diferença de valor entre as diferentes possibilidades. Mas, quando as possibilidades são semelhantes, a tomada de decisão se torna muito complexa, embora, na realidade, nenhuma das opções seja realmente pior que a outra.
Decisões matemáticas
O modelo matemático desenvolvido por Tajima demonstra que a estratégia ideal, quando alguém se confronta com duas proposições, é somar os valores associados às memórias que você tem de cada escolha e então calcular a diferença entre essas duas somas.
A decisão é tomada quando essa diferença atinge um valor limite, previamente fixado, que determina o tempo gasto na tomada da decisão.
Esse modelo leva a uma tomada de decisão mais rápida quando os valores das duas possibilidades estão muito distantes. Mas, quando duas opções têm quase o mesmo valor, precisamos de mais tempo, porque precisamos juntar mais memórias para que essa diferença atinja o limiar de decisão.
O modelo matemático ficou elegante e exato, e talvez até possa ser usado na prática em grandes decisões, como na compra de um apartamento ou casa. Mas certamente não servirá para você decidir se vai sair de camiseta ou de casaco, a menos que você queira ficar fazendo contas até muito tempo do horário do seu compromisso ter passado.
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