Tratamentos para dores crônicas
Quando o assunto são as dores crônicas, qualquer que seja a origem desse mal, a cobertura da mídia foca sobretudo em tratamentos que envolvem opioides e maconha - em detrimento dos melhores tratamentos não medicamentosos, com benefícios comprovados e virtualmente sem efeitos colaterais.
A dor crônica, definida como dor persistente ou recorrente, é aquela presente por mais de três meses, e é a principal causa de incapacidade no mundo.
Para saber como o problema está chegando à população em geral, pesquisadores da Nova Zelândia analisaram 240 artigos da mídia sobre dor crônica publicados entre janeiro de 2015 e junho de 2019.
Eles encontraram um enorme viés nessa cobertura, com o foco voltado a medicamentos, o que não tem fundamento quando se olham as pesquisas científicas ou as melhores evidências clínicas.
"As estratégias farmacológicas são recomendadas apenas para algumas condições de dor crônica, como dor de câncer e dor neuropática. Para outras condições de dor, recomenda-se o uso de tratamentos medicamentosos com cuidado e cautela, devido aos possíveis efeitos colaterais e à eficácia limitada a longo prazo," afirmou o Dr. Hemakumar Devan, da Universidade de Otago.
Mas poucas das notícias incluíam informações sobre tratamentos não farmacêuticos para dor crônica, apesar de serem a opção preferida para a maioria das condições de dor crônica.
Risco de dependência e vício
A cobertura da mídia dos tratamentos farmacêuticos para dor crônica se concentrou quase inteiramente em analgésicos à base de opioides e cannabis.
As histórias sobre opioides mencionaram sua ineficácia no tratamento da dor crônica e seu potencial de dependência e vício, enquanto relatos sobre a maconha medicinal a retrataram como um tratamento eficaz e seguro, com efeitos colaterais mínimos. Isso ocorreu apesar da falta de evidências científicas para apoiar seu uso a longo prazo na dor crônica - não existem pesquisas científicas suficientes para endossar ou negar essas alegações.
"As histórias de experiência pessoal sobre a cannabis focaram em seus efeitos positivos e menos efeitos colaterais em comparação com os analgésicos à base de opioides. Há, no entanto, evidências limitadas para sugerir a cannabis como substituto dos opioides e uma falta de evidências de alta qualidade para apoiar o uso da cannabis para dor crônica. Não houve relatos sobre os possíveis efeitos adversos do uso medicinal da cannabis, como défices cognitivos, dependência e alterações de humor, que podem afetar particularmente os jovens," disse Devan.
Os pesquisadores também constataram que a cobertura da mídia foi dominada pela luta associada à vida com dor crônica, com pouca atenção aos recursos disponíveis para ajudar as pessoas a lidar com a dor com sucesso e viver uma vida significativa.
"Estratégias de autogestão não baseadas em drogas, que incluem exercícios, relaxamento e tratamentos comportamentais cognitivos, são um componente-chave no controle da dor crônica e comprovadamente eficazes a longo prazo," ressaltou o pesquisador.
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