Desvendando o inconsciente
Nós somos seres conscientes, mas a maior parte da atividade em nossos cérebros permanece inconsciente.
Será que não haveria um jeito de aproveitarmos esse conjunto oculto de informações?
Notavelmente, um desafio importante para responder a essa pergunta é a vastidão astronômica e a complexidade dessas informações inconscientes.
Isso nos leva a outra pergunta: Como é que o cérebro humano "sabe" quais aspectos dessa complexa atividade podem ser relevantes e, desta forma, precisam ser trazidos à nossa atenção? Afinal, se essas informações são, por definição, inconscientes, elas não seriam o mesmo que "desconhecidas"?
Aurelio Cortese e seus colegas do Japão e dos EUA enfrentaram essa vastidão de informações e complexidades usando uma das ferramentas preferidas dos cientistas atualmente: a inteligência artificial.
E conclusão surpreendente é que talvez a inteligência artificial possa nos propiciar um pouco mais inteligência real.
Atividade inconsciente do cérebro
Usando uma combinação de inteligência artificial e tecnologia de imagens cerebrais, Cortese e seus colegas concluíram que os humanos podem ser treinados para usar racionalmente o conteúdo inconsciente dos seus processos mentais.
A equipe usou uma técnica para ler os estados cerebrais inconscientes em tempo real. Um programa de inteligência artificial analisava essa varredura do cérebro em busca de padrões específicos de atividade, que eram então usados para determinar a resposta ideal para uma ação simples de escolha.
Os participantes recebiam uma pequena recompensa monetária se selecionassem a opção correta, que era determinada com base em sua atividade cerebral inconsciente.
Este experimento permitiu aos pesquisadores mostrar como os participantes podem aprender a usar o conteúdo não consciente de sua mente para tomar decisões lucrativas.
Isso pode abrir caminho para novas abordagens em neurociências e no próprio campo da inteligência artificial, mas também pode levar a novas aplicações em ambientes clínicos, educacionais e até sociais.
Metacognição inconsciente
Curiosamente, embora, com base em seus autorrelatos, os participantes não estivessem conscientes do aprendizado, quando estavam confiantes em suas escolhas eles também tinham maior probabilidade de estar corretos e receber uma recompensa.
Isso sugere a existência de uma forma inesperada de metacognição inconsciente: Os participantes não estavam cientes da aprendizagem em si, mas, de alguma forma, alguns mecanismos cerebrais devem "saber". Esses resultados impressionantes ilustram o incrível poder da mente inconsciente e como nosso sentimento de confiança pode ser importante em nossa vida cotidiana, dizem os pesquisadores.
"Surpreendentemente, os participantes aprenderam a fazer escolhas racionais em sua própria atividade cerebral não consciente por meio de um procedimento de aprendizagem por tentativa e erro muito simples. A extensão dessa aprendizagem foi prevista pela capacidade dos participantes de se auto-introspectar em suas decisões. Essa abordagem poderá ser usada no futuro para melhorar habilidades 'latentes'," disse o Dr. Cortese, do Laboratório de Pesquisas em Comunicações Cerebrais (Japão).
"Este estudo é único em seu tipo ao mostrar, pela primeira vez, a profundidade da capacidade do cérebro humano de se reconfigurar e aprender em condições que considerávamos impossíveis até recentemente. O fato de que a confiança parecia apoiar a capacidade do participante de aprender a tarefa inconscientemente abre novas questões sobre sua função e papel na orientação do comportamento ", disse o professor Hakwan Lau, da Universidade da Califórnia de Los Angeles.
"Uma das questões mais desafiadoras na neurociência moderna e na inteligência artificial é como o cérebro pode resolver a 'maldição da dimensionalidade'. Existem bilhões de neurônios no cérebro, e a maioria da sua atividade é complexa e inconsciente. Como tomar as melhores decisões com eficiência quando o tempo e a experiência são geralmente tão limitados? Aqui fornecemos uma primeira indicação, mostrando que nosso sentimento de confiança pode ser parte da resposta," disse o professor Mitsuo Kawato, coordenador da pesquisa.
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