Sinfonia do cérebro
Com a descoberta de que nosso cérebro toca sua própria música, possuindo algo parecido com "estações de rádio", com várias frequências, os neurocientistas passaram a contar com uma nova forma de interpretação dos sinais neurais que está levando a um novo entendimento de como o cérebro funciona.
Agora acaba de ser constatado que, para se lembrar dos acontecimentos na ordem em que eles ocorrem, os neurônios do cérebro funcionam de forma coordenada, semelhante a uma orquestra usando vários instrumentos para tocar uma sinfonia.
"Os resultados melhoram nossa compreensão de como o cérebro monitora o que aconteceu e quando aconteceu, com relação a outros eventos", explica Lila Davachi, da Universidade de Nova York, que fez a descoberta dessa "sinfonia cerebral" com seu colega Andrew Heusser.
"Sabemos há algum tempo que os neurônios aumentam sua atividade quando armazenamos novas memórias. O que nosso estudo mostra é que há um ritmo de como eles disparam em relação um ao outro - assim como diferentes instrumentos de uma orquestra sinfônica," esclareceu Lila.
Memórias musicalmente armazenadas
Durante o experimento, os voluntários viam uma série de seis objetos comuns - como uma borboleta, um fone de ouvido etc. -, um de cada vez, na tela do computador. Alguns momentos depois, eles tinham que tentar lembrar a ordem dos objetos. Enquanto isso, seus cérebros eram monitorados usando magnetoencefalografia (MEG), um exame que captura medições dos minúsculos campos magnéticos gerados pelos neurônios.
Os dados mostraram diferenças notáveis nos padrões de atividade neural quando a ordem dos objetos estava correta, em comparação com quando o voluntário não se lembrava.
Especificamente quando a ordem dos objetos foi "corretamente codificada no cérebro", segundo os pesquisadores, a atividade gama - ondas cerebrais de alta frequência - associada com cada objeto foi temporalmente ordenada ao longo de uma oscilação teta - ondas cerebrais de baixa frequência, mais lentas - de modo que a atividade gama para o objeto 1 precedia a atividade relativa ao objeto 2, e assim por diante.
Memórias cronológicas
Por outro lado, quando os voluntários lembravam a ordem dos objetos de forma incorreta, a atividade gama não apresentava nenhum padrão discernível, ainda que alcançasse a mesma frequência.
"Quando oscilações específicas estão em sintonia umas com as outras, nós lembramos a ordem. Mas quando elas não estão, nós não nos lembramos da sequência temporal," resumiu Lila.
Os resultados foram publicados na revista Nature Neuroscience.
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