Cérebro funciona como um todo
Não apenas uma parte, mas a maior parte do cérebro pode estar envolvida no processamento dos sinais que surgem da sensação do tato.
Esta é mais uma contestação da crença generalizada da ciência em áreas do cérebro responsáveis por comportamentos específicos.
Com isto, abre-se o caminho para uma nova abordagem de como a rede de neurônios do cérebro processa informações e, portanto, os mecanismos pelos quais o cérebro trabalha.
Os pesquisadores usaram métodos que permitiram observar com muita precisão quais sinais de toque foram enviados entre vários neurônios do cérebro. Entre outros testes, eles geraram sinais de toque através de uma prótese de dedo com sensibilidade sintética da pele, um método que lhes permitiu enviar exatamente os mesmos sinais em cada experimento. Graças a essa nova abordagem, foi possível analisar como os sinais de toque foram processados por neurônios individuais em várias partes do cérebro dos animais de laboratório, com uma resolução significativamente maior do que era possível anteriormente.
"Os experimentos mostraram que todas as partes do cérebro que investigamos estavam envolvidas e processavam os sinais gerados pelo tato, e que as diferenças de informação entre os diferentes neurônios significam que eles se complementam para criar um quadro rico, ou a percepção," disse o pesquisador Henrik Jorntell, que trabalhou em conjunto com seu colega Jonas Enander, da Universidade de Lund (Suécia).
"Nós imediatamente nos demos conta que nossas descobertas se desviavam fortemente da visão aceita de que diferentes partes do cérebro são responsáveis por diferentes funções específicas," completou.
Localização funcional
Os pesquisadores conduziram análises aprofundadas de como os sinais do tato são transferidos e processados em várias partes do cérebro.
"De acordo com a visão predominante, conhecida como localização funcional, o cérebro funcionaria como um conjunto de interruptores: diferentes partes do cérebro são responsáveis por diferentes funções. Essa teoria é certamente fácil de compreender, mas quando medimos os níveis de atividade nos neurônios individuais obtivemos um quadro diferente, que indica que as funções são de fato processadas globalmente pelo cérebro inteiro," disse Jorntell.
O conhecimento de como o cérebro gerencia as informações até o nível individual dos neurônios é importante para entender como as doenças neurológicas ocorrem, já que elas geralmente envolvem uma interrupção na transferência de informações entre os neurônios.
Um neurônio, várias funções
Os pesquisadores compuseram um novo modelo explicativo, alternativo à localização funcional, que propõe que todo o processamento da informação é conduzido como se fosse uma única rede, e que os neurônios no cérebro, na prática, têm funções parcialmente diferentes de uma situação para outra.
"Cada neurônio individual está envolvido em um grande número de funções diferentes. Como ele está intimamente ligado a um número muito grande de outros neurônios, a função que um neurônio tem em uma situação específica será determinada pelo que os outros neurônios com os quais ele está conectado estão fazendo no momento," sintetizou Jorntell.
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