Evitando os imunossupressores
Um estudo ainda em andamento apresentou os primeiros resultados promissores sobre o uso de células-tronco para evitar a rejeição de transplantes de rim.
A proposta dos médicos é usar as células-tronco para minimizar, ou eventualmente até eliminar, o uso de medicamentos imunossupressores.
E essas células-tronco vêm do próprio doador do rim.
Os imunossupressores evitam que o sistema imunológico veja o novo rim como um invasor e comece a atacá-lo.
O problema é que esses medicamentos têm inúmeros efeitos colaterais, incluindo hipertensão, doenças do coração, infecções, diabetes e câncer.
Doador e receptor não equivalentes
"Os resultados preliminares deste estudo que estamos realizando são entusiasmantes e poderão ter um impacto significativo na transplantação de órgãos no futuro," disse o Dr. Joseph Leventhal, do Hospital Northwestern Memorial (EUA).
O estudo é pequeno, e envolveu 8 pacientes. Destes, 5 puderam deixar de usar os imunossupressores dentro de um ano após o transplante.
Mas este é o primeiro estudo desse tipo que cobre casos em que doador e receptor não são parentes, ou seja, não são "imunologicamente equivalentes".
Os médicos estão usando uma infusão de células-tronco manipuladas geneticamente para "enganar" o sistema imunológico do receptor para que ele pense que o novo órgão é parte do organismo, eliminando assim, gradualmente, a necessidade da medicação anti-rejeição.
Isso abre a possibilidade de que, no futuro, a compatibilidade entre doador e receptor deixe de ser algo importante no caso dos transplantes.
"Ser receptor de um transplante não é fácil. A fim de evitar a rejeição, os receptores de transplantes hoje precisam tomar múltiplos comprimidos por dia pelo resto das suas vidas," diz a Dra. Suzanne Ildstad, coautora da pesquisa, referindo-se aos imunossupressores.
"Esta nova abordagem poderá oferecer uma melhor qualidade de vida e menores riscos à saúde para os receptores de transplantes," completa.
Transplante de rim com células-tronco
Em um transplante de rim normal, o doador concorda em doar seu rim.
Na nova técnica que agora está sendo estudada, ele é convidado a doar também parte do seu sistema imunológico.
O processo começa cerca de um mês antes do transplante renal, quando são coletadas células-tronco da medula do doador, utilizando um processo chamado aférese.
As células do doador passam então por um processo de enriquecimento das chamadas "células facilitadoras", que se acredita colaborarem para o sucesso de um transplante.
Ao mesmo tempo, o receptor passa por um "condicionamento" pré-transplante, que inclui radioterapia e quimioterapia para suprimir sua própria medula óssea, de forma que as células-tronco do doador tenham mais espaço para crescer em seu corpo.
Depois que o receptor recebe o novo rim, as células-tronco do doador são então transplantadas, um dia mais tarde, e começam a formar a medula, a partir da qual se desenvolvem outras células sanguíneas especializadas, como células do sistema imunológico.
O objetivo é criar um ambiente onde coexistam dois sistemas de medula óssea, funcionando na mesma pessoa.
Após o transplante, o receptor ainda recebe os medicamentos anti-rejeição, que vão diminuindo com o tempo, com o objetivo de sua eliminação completa um ano após o transplante.
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