Uma dentre as causas
Uma equipe internacional de pesquisadores identificou uma mutação no DNA de uma criança, em um gene que detecta o RNA viral, como causa da doença autoimune lúpus que essa paciente apresenta.
Embora essa mutação não necessariamente esteja presente em todas as pessoas que apresentam a doença, a equipe está confiante de que a descoberta abre caminho para o desenvolvimento de novos tratamentos pelo menos para a pequena parte dos pacientes que apresenta uma forma rara da doença, de início precoce.
O lúpus é uma doença autoimune crônica que causa inflamação em órgãos e articulações, afeta o movimento e a pele e causa fadiga. Em casos graves, os sintomas podem ser debilitantes e as complicações podem ser fatais.
Não há cura para a doença e os tratamentos atuais são predominantemente imunossupressores, que funcionam arrefecendo a ação do sistema imunológico para aliviar os sintomas.
Os cientistas fizeram o sequenciamento completo do genoma do DNA de uma criança espanhola chamada Gabriela, que foi diagnosticada com lúpus grave aos 7 anos de idade - um caso tão grave com início precoce dos sintomas é raro e apontava para uma causa genética.
Em sua análise, a equipe encontrou uma única mutação pontual no gene TLR7. Procurando em bases de dados, eles identificaram outros casos de lúpus grave nos EUA e na China, em que esse gene também foi mutado.
Kika
Para confirmar que a mutação causa lúpus, a equipe usou a edição de genes CRISPR para introduzi-la em camundongos. Esses camundongos desenvolveram a doença e apresentaram sintomas semelhantes, fornecendo evidências de que a mutação TLR7 era a causa.
O modelo do camundongo e a mutação foram ambos batizados de "Kika" por Gabriela, a criança que possibilitou esta descoberta.
"Embora possa ser apenas um pequeno número de pessoas com lúpus que tenham variantes no próprio TLR7, sabemos que muitos pacientes apresentam sinais de hiperatividade na via TLR7. Ao confirmar uma ligação causal entre a mutação genética e a doença, podemos começar a procurar tratamentos mais eficazes," disse o professor Nan Shen, coordenador da equipe.
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