16/08/2018

Câncer da tireoide tem excesso de diagnóstico e de tratamento, dizem médicos

Redação do Diário da Saúde
Câncer da tireoide tem excesso de diagnóstico e de tratamento, dizem médicos
O risco de morte por câncer da tireoide é extremamente baixo - aproximadamente 2% dos pacientes nos próximos 25 anos após o diagnóstico.
[Imagem: CC0 Creative Commons]

Exageros

Os Drs. Gilbert Welch (Instituto Dartmouth) e Gerard Doherty (Hospital Brigham and Women's) decidiram analisar porque tem havido um aumento acentuado no número de pessoas diagnosticadas com câncer da tireoide.

Apenas nos EUA, a incidência do câncer de tireoide triplicou nos últimos 25 anos - a maioria em mulheres.

No entanto, apesar do aumento dramático na taxa de diagnóstico, a mortalidade devida ao câncer de tireoide permaneceu estável - e muito baixa.

Ao olhar esses números mais de perto, os dois oncologistas descobriram que está havendo não apenas um excesso de diagnósticos, como também tratamentos excessivos, com o número de tireoidectomias em ascensão, quando a escolha entre a tireoidectomia e a menos invasiva lobectomia tem pouco efeito sobre o risco de morte por câncer de tireoide.

Vigilância ativa

Welch e Doherty afirmam que o aumento acentuado no número de pessoas diagnosticadas com câncer de tireoide - em grande parte refletindo a detecção de pequenos tumores papilares - aponta para um excesso generalizado de diagnósticos.

Eles alertam que é necessário empreender esforços para reduzir o sobrediagnóstico, incluindo evitar a biópsia de pequenos nódulos de tireoide, conforme já defendido pela Associação Norte-Americana de Tireoide.

Mas Welch e Doherty também defendem fortemente medidas destinadas a reduzir o tratamento excessivo.

Nesse caso, eles sugerem:

  • Vigilância ativa para pacientes com pequenos cânceres de tireoide papilar.
  • Nos casos em que os pacientes preferirem remover o câncer, Welch e Doherty sugerem uma lobectomia da tireoide (remoção de cerca de metade da glândula), a menor das duas opções cirúrgicas disponíveis, ao contrário de uma tireoidectomia total. A lobectomia, menos extensa, acarreta menor risco de dano neural, evita o risco de hipoparatireoidismo e, em muitos casos, permite que os pacientes dispensem a reposição permanente dos hormônios tireoidianos.

Riscos do câncer de tireoide

O risco de morte por câncer da tireoide é extremamente baixo (aproximadamente 2% em 25 anos) e esse risco não é afetado pela escolha do procedimento - tireoidectomia total ou lobectomia.

Por isso, seria de se esperar que a lobectomia fosse o procedimento cirúrgico mais comum. Surpreendentemente, como Welch e Doherty apontam, o oposto é verdadeiro: a taxa de tireoidectomia total está aumentando, com cerca de 80% dos pacientes que foram operados para tratar o câncer de tireoide localizado submetidos a uma tireoidectomia completa.

Eles sugerem que os profissionais da atenção primária podem ajudar educando os pacientes sobre a heterogeneidade do câncer: os cânceres ou diagnósticos de câncer não são os mesmos em todos os casos - alguns tipos de câncer exigem tratamento agressivo, outros tratamentos menos agressivos, mas alguns devem ser simplesmente deixados sem mexer.

"A idade média de diagnóstico para o câncer de tireoide é de 50 anos, em comparação com a média de câncer de mama, que é 62," disse Welch. "Então, potencialmente, alguém poderia viver até a metade de sua vida com os efeitos - tanto físicos como psicológicos - desses tratamentos. Isso é algo que precisamos levar muito a sério."

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