29/09/2012

Cientistas desvendam surgimento do câncer de pâncreas

Com informações de Guta Bacelar

Oncogenes

É necessário de mais de um gene indutor do câncer (oncogene) para ativar a doença no pâncreas.

Um segundo fator cria a "combinação perfeita" que leva à formação de tumores, afirma pesquisadores.

O estudo, publicado no jornal Cancer Cell, contraria a teoria atual de que a mutação no oncogene KRAS é suficiente para iniciar o câncer de pâncreas e ativar o crescimento desenfreado das células.

As descobertas revelam indícios essenciais sobre o desenvolvimento do câncer de pâncreas e explicam porque poucos pacientes se beneficiam das atuais terapias.

As descobertas também trazem ideias sobre como melhorar o tratamento e prevenir o câncer de pâncreas.

Combinação indesejável

Howard Crawford (Clínica Mayo) e Jens Siveke (Universidade Técnica de Munique) descobriram que, para o câncer do pâncreas se formar, o KRAS mutado precisa recrutar um segundo agente, o receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR - epidermal growth factor receptor).

Além disso, um terceiro participante genético, conhecido como Trp53, torna os tumores pancreáticos muito difíceis de tratar.

Os cientistas também descobriram que a presença do EGFR é igualmente observada no câncer de pâncreas iniciado por inflamação pancreática, conhecida como pancreatite.

"Acreditamos que a 'combinação perfeita' necessária para dar origem ao câncer de pâncreas inclui mutações do KRAS e inflamação no órgão, que então atua sinergicamente para ativar o EGFR", diz Howard Crawford.

"O ponto principal é que, sem o EGFR, os tumores não se formam - e nunca se soube disso antes desse estudo", afirma. "Também pensamos que a inflamação no pâncreas tem um grande impacto na ativação do EGFR", afirma.

Câncer de pâncreas

O câncer de pâncreas é uma doença altamente fatal. Até agora, nenhum medicamento foi capaz de visar a proteína KRAS mutante.

O estudo sugere que alguns pacientes, como os que sofrem de pancreatite crônica, podem ser bons candidatos ao tratamento com inibidores do EGFR, como uma forma de combater ou prevenir o câncer de pâncreas.

"As implicações clínicas desse estudo são estimulantes", diz o pesquisador.

O inibidor do EGFR erlotinibe faz parte da terapia padrão para pacientes com câncer de pâncreas, mas exerce efeitos mínimos na população de pacientes como um todo

"Talvez o erlotinibe ou outros inibidores do EGFR poderiam funcionar bem melhor em pacientes nos quais não ocorre uma mutação do TRP53. Também acreditamos que esse tipo de medicamento poderia prevenir a formação do câncer de pâncreas em pacientes com pancreatite crônica, que é um fator de risco significativo para o desenvolvimento de tumores pancreáticos.

"Essas descobertas nos trazem alguns indícios muito importantes para entendermos como o câncer de pâncreas de desenvolve e progride", diz o pesquisador. "Quanto mais entendermos sobre esses tumores precoces, mais seremos capazes de trabalhar no diagnóstico e na terapia", afirma.

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