Insuficiência cardíaca
Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) desenvolveram uma substância sintética capaz de melhorar o quadro de insuficiência cardíaca.
Caracterizada por problemas de bombeamento do sangue pelo coração, a insuficiência cardíaca é a enfermidade que mais mata no mundo porque as demais doenças que afetam o sistema cardiovascular tendem a evoluir para essa condição. Embora exista uma série de tratamentos capazes de frear a progressão da insuficiência cardíaca, ainda não há terapias capazes de reverter a doença, nem mesmo parcialmente. Em casos mais graves, a única opção é o transplante de coração.
A nova substância, denominada AD-9308, restaura a atividade da proteína aldeído desidrogenase 2 (ALDH2), que está presente na mitocôndria (organela que gera energia para as células) e tem papel central no desenvolvimento da insuficiência cardíaca.
"Trata-se de um estudo de mais de dez anos e que evoluiu da bancada ao leito do paciente. O objetivo foi detalhar um novo mecanismo envolvido na progressão da insuficiência cardíaca. Paralelamente aos nossos experimentos, a empresa biofarmacêutica foi melhorando uma molécula que mostramos - ainda em 2014 - ter potencial para tratar a doença," contou o professor Júlio Ferreira, referindo-se à empresa Foresee Pharmaceuticals, responsável pelos testes.
Ensaios clínicos
O protótipo do composto foi originalmente batizado pela equipe de Alda-1. Na época, os pesquisadores observaram que camundongos com insuficiência cardíaca tratados com o fármaco apresentavam um aumento de 40% no volume de sangue bombeado, e esse efeito era decorrente da ativação da enzima mitocondrial ALDH2.
Desde então, foram feitas modificações estruturais na molécula para potencializar o efeito farmacológico e qualificá-la como um potencial composto a ser desenvolvido. Após muitos testes, chegou-se à versão de número 5.591, denominada AD-9308. "Essa nova versão ativa a enzima ALDH2 três vezes mais do que a molécula original," contou Júlio.
Segundo o pesquisador, a empresa parceira já finalizou os testes clínicos de segurança da AD-9308. "Os resultados mostram que a molécula sintética é bem tolerada por indivíduos saudáveis. O próximo passo, possivelmente, será submeter um pedido junto à FDA [a agência de vigilância sanitária dos Estados Unidos] para testar o candidato a fármaco em humanos com insuficiência cardíaca. Isso exige um número maior de voluntários e mais tempo. Mas só assim será possível verificar para qual tipo de insuficiência cardíaca e qual estágio da doença a AD-9308 é indicada," concluiu Júlio.
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