Pesquisadores brasileiros desenvolveram uma técnica que permite a fabricação de azulejos e cerâmicas com proteção contra bactérias durante toda a vida útil do material.
Da graduação ao doutorado
A pesquisa começou como um projeto de iniciação científica, uma pesquisa feita por estudantes de graduação, antes mesmo que eles se formem, cujo principal objetivo é justamente a formação de novos pesquisadores.
Thiago Sequinel, então estudante na Universidade Estadual de Ponta Grossa, no Paraná, orientado pelo professor Sérgio Mazurek Tebcherani, desenvolveu um método para a obtenção de nanopartículas de óxido de titânio, partículas com dimensões na faixa dos nanômetros - bilionésimos de metro - com reconhecidas propriedades bactericidas.
Depois da graduação, já no mestrado, Sequinel conseguiu que as nanopartículas individuais fossem agrupadas para formar um filme finíssimo.
Agora no doutorado, o pesquisador desenvolveu um processo para que essa película de nanopartículas de titânio interagisse com o substrato, ou seja, com a cerâmica, aderindo de forma permanente a azulejos, ladrilhos e pisos.
Azulejos bactericidas
O resultado final da pesquisa são peças de revestimento cerâmico cobertas com material bactericida, o óxido de titânio.
"Por meio de alta pressão e uma temperatura de cerca de 480º C, o filme interagiu com o material", disse Sequinel, ressaltando que técnicas anteriores necessitavam de mais de 700º C para promover a aderência dos óxidos.
Com isso, pisos e azulejos ganham o óxido de titânio que, ao se incorporar à cerâmica, lhes confere proteção contra bactérias durante toda a vida útil da peça.
"É muito forte o apelo comercial do produto para a área da saúde", disse Sequinel. Ele destaca que pisos e azulejos com óxido de titânio podem ser empregados em hospitais, restaurantes industriais, indústrias alimentícias e qualquer lugar que necessite de um alto grau de assepsia.
Da ideia ao produto
O reconhecimento veio rápido, dando uma ideia da importância da inovação. Em 2008, o projeto da cerâmica bactericida venceu a etapa continental de uma competição internacional que avalia produtos desenvolvidos por estudantes e que ainda não tenham participação de empresas.
Agora, Sequinel conquistou o primeiro lugar etapa mundial do Idea to Product Competition 2009 (I2P). O pesquisador integrou a equipe Nanoita, junto com Tebcherani e mais dois professores, René Rodrigues Fernandes, da Fundação Getúlio Vargas, e José Arana Varela, seu atual orientador de doutorado na Unesp.
O principal objetivo do I2P é incentivar que ideias com bom potencial de comercialização ganhem o mercado. Por isso, o primeiro prêmio envolve a quantia de US$ 10 mil a fim de dar o impulso inicial ao novo negócio.
"Estamos negociando o licenciamento de fabricação com três grandes empresas cerâmicas", disse Sequinel.
Fonte: Azulejos que matam bactérias são desenvolvidos por brasileiros
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