Audição subjetiva
Ouvir é algo objetivo, e tudo o que você ouve é meramente resultado de vibrações geradas por algum objeto nas proximidades, certo?
É melhor não ir tão depressa em busca de uma resposta, porque as coisas parecem ser mais complicadas do que isso.
Em uma palavra, ouvir parece ser algo bem subjetivo.
Na verdade, nossas expectativas sobre o que vamos ouvir moldam instantaneamente a forma como o som é processado em nosso cérebro, conforme demonstraram agora dois pesquisadores alemães.
Processamento auditivo
Emili Balaguer-Ballester (Universidade Bournemouth) e Andre Rupp (Universidade de Heidelberg) resolveram tirar a prova sobre a objetividade ou a subjetividade do ouvir analisando cuidadosamente o processamento auditivo central.
E os resultados não foram bem o que os livros-texto dizem.
"Quase 80% das ligações entre as zonas centrais e pré-corticais durante o processamento do som parecem ser de cima para baixo, ou seja, partindo do cérebro para o sistema auditivo periférico, e não de baixo para cima, o que é algo inesperado," explica a dupla.
"À medida que o som chega de um estímulo externo, seria razoável supor que a maioria do nosso processamento ocorresse a partir do que ouvimos, mas aparentemente este não é o caso. O que o cérebro espera ouvir pode ser tão importante quanto o próprio som," resume Emili.
O cérebro que ouve
Os exames mostraram que leva centenas de milissegundos para o som ser processado ao longo dos neurônios que vão do ouvido ao cérebro.
Mas os voluntários reconheciam imediatamente o sexo de uma pessoa que lhes falava por um alto-falante, ou identificavam uma melodia ouvindo-a apenas alguns milissegundos - muito menos milissegundos do que leva para o som ir do ouvido ao cérebro.
Essa descoberta pode ter implicações importantes para o tratamento de distúrbios auditivos.
"Este poderia ser o primeiro passo para uma melhor compreensão dos distúrbios do processamento auditivo central em crianças. Se as suas dificuldades de aprendizagem decorrem da forma como os seus cérebros processam o som, e não do seu sistema auditivo periférico, isto irá requerer um tratamento muito diferente para uma criança que desenvolve perda de audição séria depois de uma doença," afirmaram os pesquisadores.
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