Acidentes com animais venenosos
Os acidentes causados por animais venenosos, como cobras, escorpiões e aranhas, entre outros - foram tema de debate na 62ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que está se realizando em Natal.
Os pesquisadores apontaram o treinamento dos profissionais de saúde como a principal medida para melhorar o socorro a vítimas de picadas desses animais.
De 2006 a 2008, foram registrados mais de 100 mil acidentes provocados por animais venenosos no Brasil, sendo a maior parte, 27 mil, por cobras. Apesar do número elevado de casos, os cursos de medicina não oferecem formação nessa área.
Soroterapia
O tratamento dos pacientes é feito à base de soro, fabricado a partir do veneno dos próprios animais.
"É com treinamento que vamos saber se a soroterapia está funcionando", afirmou Luiz Eduardo da Cunha, diretor científico do Instituto Vital Brasil, laboratório produtor dos soros usados no tratamento.
O diretor reclama da falta de uma longa série de dados com registros dos acidentes e a efetividade da soroterapia.
O médico e professor da Universidade Federal do Pará (Ufpa), Pedro Pardal, tem a mesma opinião e destaca que o atendimento deve ocorrer em no máximo três horas após o acidente para evitar sequelas ou a morte.
Segundo ele, esse prazo é quase impossível de ser cumprido na Amazônia, onde as populações ribeirinhas vivem em locais distantes das unidades de saúde. "Se o médico não estiver preparado, o profissional vai dar o soro que não é adequado e não irá resolver o problema", afirmou o professor durante o simpósio.
Soro em pó
Para facilitar o socorro aos acidentados em regiões de difícil acesso, o médico defende a produção de soro em pó - que não necessita de refrigeração, ao contrário do líquido (usado atualmente), e pode ser levado a qualquer lugar.
No entanto, os pesquisadores revelam não há política governamental para estimular a produção do medicamento.
Por ano, cerca de 2,5 milhões de pessoas são picadas por cobras no mundo. Desse total, 85 mil morrem e 250 mil ficam com sequelas e complicações. Em 2009, os acidentes passaram a fazer parte da lista de Doenças Tropicais Negligenciadas (DTN), da Organização Mundial da Saúde (OMS).
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