Antibióticos, bactérias e vírus
Parece haver mais uma razão para você evitar tomar antibióticos sempre que possível - antibióticos destroem as bactérias, mas podem ao mesmo tempo torná-lo mais suscetível a ser atacado por vírus.
Muitas infecções virais não causam sintomas na maioria das pessoas, mas podem resultar em uma doença leve a moderada em algumas, e em uma doença grave em algumas poucas mais azaradas.
Por que as pessoas respondem de maneira tão diferente ao mesmo microrganismo é algo que a ciência ainda não sabe explicar. A genética humana não explica tudo, e nem a composição genética do próprio vírus, embora ambas desempenhem um papel.
Como recentemente tem-se descoberto conexões surpreendentes, como o fato de que as bactérias benéficas do intestino alteram nossos genes e têm influência decisiva em doenças neurológicas, a professora Larissa Thackray, da Universidade de Washington (EUA), decidiu analisar se a população de bactérias benéficas em nossos intestinos poderia ter influência em nossa predisposição a sermos afetados por vírus.
Antibióticos e sistema imunológico
A resposta foi mais ampla do que se esperava: Na verdade, parece haver uma conexão direta entre a a ingestão de antibióticos e a suscetibilidade a uma infecção viral.
Em outras palavras, o uso prévio de antibióticos pode explicar por que algumas pessoas ficam muito doentes quando adquirem um vírus e outras não porque os antibióticos matam membros da comunidade bacteriana normal e permitem que outras potencialmente nocivas cresçam demais.
Como um sistema imunológico saudável depende de um microbioma intestinal saudável, os antibióticos podem estar prejudicando o sistema imunológico, deixando o corpo despreparado para combater a infecção viral subsequente.
"Uma vez que você induz uma alteração na comunidade microbiana, coisas inesperadas acontecem. Alguns grupos de bactérias ficam empobrecidos e espécies diferentes crescem. Assim, a suscetibilidade aumentada pode ser devida tanto à perda de um sinal normal que promove boa imunidade, quanto ao ganho de um sinal inibitório," disse a pesquisadora.
Antibióticos e vírus
Os experimentos envolveram tratar animais de laboratório com um coquetel de quatro antibióticos - vancomicina, neomicina, ampicilina e metronidazol - por duas semanas e depois infectar os camundongos com o vírus do Nilo Ocidental. Cerca de 80% dos animais que não receberam antibióticos sobreviveram à infecção, enquanto apenas 20% dos camundongos tratados com antibióticos sobreviveram.
Experimentos subsequentes mostraram que apenas três dias de tratamento com antibiótico foi suficiente para aumentar o risco de os camundongos morrerem de infecção pelo Nilo Ocidental, e os animais permaneceram em alto risco por mais de uma semana após o término do tratamento com antibióticos.
Diferentes tratamentos com os antibióticos levaram a alterações na comunidade bacteriana no intestino que se correlacionaram com a vulnerabilidade à infecção viral. O tratamento com ampicilina ou vancomicina isoladamente tornou os camundongos mais propensos a morrer do Nilo Ocidental, enquanto a neomicina não. O metronidazol não teve efeito sozinho, mas amplificou o efeito da ampicilina ou da vancomicina.
"É provável que o uso de antibióticos possa aumentar a suscetibilidade a qualquer vírus que seja controlado pela imunidade das células T, e existem muitos deles," disse Thackray, que publicou suas descobertas na revista científica Cell Reports.
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