Zinco e cálculos renais
Quando os dados mostraram uma associação entre as pedras nos rins e o zinco presente no corpo, aconteceu uma coisa engraçada: Surgiram duas teorias diferentes, uma contradizendo a outra.
A primeira teoria afirmava que o zinco impediria o crescimento dos cristais de oxalato de cálcio que constituem as pedras; a outra teoria, contudo, afirmava que o zinco alteraria as superfícies dos cristais, estimulando um maior crescimento das pedras.
Mas o mais engraçado ainda estava por vir.
Quando pesquisadores bolaram o primeiro experimento para confrontar essas duas hipóteses, os resultados mostraram que ambas as teorias estão corretas.
Assim, a conclusão é que os efeitos do zinco sobre a incidência dos cálculos renais são uma faca de dois gumes.
"O que nós vimos com o zinco é algo que nunca vimos antes. Ele retarda o crescimento do cristal de oxalato de cálcio e, ao mesmo tempo, muda a superfície dos cristais, causando defeitos na forma de intercrescimentos. Essas anormalidades criam centros, onde novos cristais podem nuclear e crescer," detalha o professor Jeffrey Rimer, da Universidade de Houston (EUA).
Cristais de oxalato de cálcio
Embora cristais de oxalato de cálcio sejam encontrados em todos os lugares, a forma mais abundante desses cristais são os monohidratos de oxalato de cálcio (MOC), o tipo encontrado na doença do cálculo renal em humanos.
Junto com os MOCs, os cálculos renais são compostos de vários depósitos duros de sais inorgânicos e compostos orgânicos (por exemplo, proteínas) que se cristalizam ou se aglutinam na urina concentrada. A passagem pelo trato urinário pode causar muita dor.
"As técnicas que estamos usando em nosso laboratório para investigar esses sistemas nos permitem obter uma imagem melhor e desconstruir esses sistemas complexos como um meio de identificar novas maneiras de prevenir a formação de cálculos renais," disse Rimer. "Essas são ferramentas que nos permitem entender em um nível quase molecular como [vários compostos químicos] na urina podem regular o crescimento dos cristais."
As descobertas sobre o papel duplo do zinco nesses MOCs (monohidratos de oxalato de cálcio) foram confirmadas por medições de microscopia de força atômica, mostrando uma capacidade única dos íons de zinco para alterar a terminação das superfícies dos cristais.
A equipe também comparou o impacto do zinco sobre os MOCs com íons semelhantes, como o magnésio.
"Ficamos imaginando o que aconteceria se usássemos íons alternativos comumente encontrados na urina, como o magnésio, e a resposta foi... nada. O magnésio teve pouco ou nenhum efeito, enquanto o zinco teve um efeito importante. Esta é uma excelente demonstração de como diferenças sutis na natureza de [diferentes compostos químicos] impacta sua interação com as superfícies dos cristais," concluiu Rimer.
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