Vírus e Alzheimer
A doença de Alzheimer pode começar quase imperceptivelmente, muitas vezes disfarçada nos primeiros meses ou anos como esquecimento, algo que é comum na velhice.
O que causa a doença permanece em grande parte um mistério.
Por isso, pesquisadores das universidades Tufts (EUA) e Oxford (Reino Unido) decidiram estudar a doença usando um modelo tridimensional de cultura de tecidos humanos que imitam o cérebro.
Eles descobriram que o vírus varicela zóster (VZV), que comumente causa varicela e herpes zóster, pode ativar o vírus herpes simplex (HSV), outro vírus comum, e desencadear os estágios iniciais da doença de Alzheimer.
Normalmente, o HSV-1 - uma das principais variantes do vírus - fica adormecido dentro dos neurônios do cérebro. Mas, quando ativado, ele leva ao acúmulo de proteínas tau e beta amiloide e perda das funções neuronais - todas características encontradas em pacientes com Alzheimer.
"Nossos resultados sugerem uma rota para a doença de Alzheimer, causada por uma infecção por VZV, que cria gatilhos inflamatórios que despertam o HSV no cérebro," disse a Dra. Dana Cairns, coordenadora do estudo. "Embora tenhamos demonstrado uma ligação entre a ativação do VZV e do HSV-1, é possível que outros eventos inflamatórios no cérebro também possam despertar o HSV-1 e levar à doença de Alzheimer".
Vírus ativado gerando Alzheimer
A maioria dos portadores de HSV-1 tem sintomas muito leves ou inexistentes enquanto o vírus fica inativo. Quando ativado, ele pode causar inflamação nos nervos e na pele, causando feridas abertas dolorosas e bolhas.
O vírus da varicela zóster também é extremamente comum, com cerca de 95% das pessoas infectadas antes dos 20 anos de idade. Muitos desses casos são expressos como catapora. O VZV, que é uma forma de vírus do herpes, também pode permanecer no corpo, encontrando seu caminho para as células nervosas antes de se tornar inativo.
Mais tarde na vida, o VZV pode ser reativado, inclusive por estresse ou queda imunológica, causando herpes zóster, uma doença caracterizada por bolhas e nódulos na pele que se formam em um padrão semelhante a uma faixa e podem ser muito dolorosos, durando semanas ou até meses. Uma em cada três pessoas acabará por desenvolver um caso de herpes zóster durante a vida.
De acordo com este novo estudo, a ligação entre o HSV-1 e a doença de Alzheimer só ocorreu quando o HSV-1 foi reativado a ponto de causar feridas, bolhas e outras condições inflamatórias dolorosas.
Os pesquisadores observaram que as amostras infectadas pelo VZV começaram a produzir um nível mais alto de citocinas - proteínas que muitas vezes estão envolvidas no desencadeamento de uma resposta inflamatória. Ciclos repetidos de ativação do HSV-1 podem levar a mais inflamação no cérebro, produção de placas e acúmulo de danos neuronais e cognitivos.
Uma vacina para o VZV - para prevenir varicela e herpes zóster - também demonstrou reduzir consideravelmente o risco de demência. É possível que a vacina esteja ajudando a interromper o ciclo de reativação viral, inflamação e dano neuronal, afirmaram os pesquisadores.
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