Tetrafluoreto de titânio
Um estudo realizado na Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB), da USP, mostrou que um verniz à base de tetrafluoreto de titânio (TiF4) pode ser mais eficaz para prevenir a erosão do esmalte dentário.
A pesquisa, realizada in vitro, mostrou que o tetrafluoreto de titânio pode ser mais eficaz do que as soluções e vernizes à base de fluoreto de sódio (NaF) - sal fluoretado presente na maioria dos produtos para uso odontológico.
O tetrafluoreto de titânio ainda não é comercializado no Brasil, mas tem sido testado em laboratórios da Europa há mais de 20 anos, para prevenção da cárie e da erosão dentária.
Efeito do titânio
Segundo a professora Ana Carolina Magalhães, o TiF4 mostrou maior eficácia no combate à perda de minerais, devido ao efeito adicional do titânio.
A professora conta que as pesquisas com o TiF4 estão em fase laboratorial.
"O próximo passo será a realização de estudos com cultura de células de fibroblastos, para avaliar o potencial citotóxico do produto e em seguida, testes clínicos. Há todo um processo para que o produto venha a ser usado no Brasil, incluindo testes em humanos", explica Ana.
A patente do produto, de acordo com a professora, já foi pedida em 2007.
Conhecimento compartilhado
As pesquisas com o TiF4 resultam de uma parceria entre a USP, UNESP e Universidade de Zurique, na Suíça.
Em 2007, durante seu doutorado, Ana e sua então orientadora, a professora Marília Afonso Rabelo Buzalaf, tiveram os primeiros contatos com estudos que utilizavam o TiF4.
"A parceria possibilitou compararmos o TiF4 com os produtos brasileiros elaborados à base de fluoreto de sódio (NaF), já que ambos têm os mesmos objetivos, que é o combate da cárie e da erosão dentária. A maioria dos produtos odontológicos usados no Brasil têm como base o NaF", lembra Ana.
Os testes em laboratórios foram realizados com amostras de dentes bovinos, que possuem estrutura semelhante ao dente humano. O verniz de TiF4 usado nos experimentos foi fabricado por uma empresa brasileira. "O produto foi elaborado utilizando-se a mesma base do verniz de NaF comercializado no Brasil", conta Ana.
Erosão dentária
A erosão dentária é uma perda mineral, cuja etiologia não está relacionada à produção de ácidos por bactérias como no caso da cárie dentária, mas por exposições do dente a ácidos que podem ser de origem extrínseca (alimentos ácidos, como sucos de frutas cítricas, refrigerantes e vinagres) e intrínseca (ácidos oriundos do estômago em pacientes que apresentam refluxo gastresofágico e bulimia).
Ana explica que a hidroxiapatita é o principal mineral do dente, constituindo em torno de 87% do volume do esmalte. Normalmente, o flúor age nos processos de erosão dentária reduzindo a desmineralização (perda de mineral) e aumentando a remineralização (ganho de minerais) dos dentes. Nos testes realizados, os pesquisadores submeteram algumas amostras de esmalte a bebidas ácidas para comprovar a melhor ação do TiF4 na prevenção da erosão em comparação ao NaF.
Segundo a professora, o TiF4, além de proporcionar a incorporação do flúor à hidroxiapatita, libera titânio o qual pode substituir o cálcio na apatita e se complexar aos íons fosfato, tornando a superfície dentária mais resistente aos desafios ácidos. "Mesmo com estes resultados animadores, é bom salientar que há a necessidade de novos estudos in situ e in vivo para maior embasamento científico na utilização do TiF4", adverte Ana.
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