08/07/2016

Para conhecer seu verdadeiro eu, acredite no livre-arbítrio

Redação do Diário da Saúde
Para conhecer seu verdadeiro eu, acredite no livre-arbítrio
Será que o livre arbítrio é derivado da alma ou do ego? Qualquer que seja a resposta, tem havido intenso debate entre o exercício do livre-arbítrio e o determinismo da noção de causa e efeito.
[Imagem: Zach Dischner/Wikimedia]

Autenticidade pessoal

Diminuir a crença que uma pessoa tem no livre-arbítrio faz com que essa pessoa sinta-se menos autêntica.

Em dois experimentos, pesquisadores da Universidade do Texas (EUA) manipularam as crenças dos voluntários no conceito de livre-arbítrio para ver como isso afetaria seu senso de autenticidade, o seu sentido de "verdadeiro eu".

"Se você concorda que nós temos livre-arbítrio ou se concorda que nós somos dominados pela influência social ou outras formas de determinismo, a crença no livre-arbítrio [induzida ou não] terá consequências verdadeiramente importantes," disse a pesquisadora Elizabeth Seto, que fez o estudo juntamente com seu colega Josh Hicks.

Livre-arbítrio ou determinismo

Para influenciar o sentimento do livre-arbítrio, cerca de 300 participantes foram separados aleatoriamente em grupos e escreveram sobre experiências pessoais que refletiam a ação do livre-arbítrio ou mostravam uma ausência de vontade livre. Em seguida, cada um respondeu a questionários para avaliar o seu sentido de self.

As pessoas que escreveram sobre as situações inescapáveis, onde a vontade não parecia ter lugar, apresentaram sentimentos significativamente maiores de auto-alienação e baixa autoconsciência do que aqueles no grupo de forte vontade livre.

No segundo experimento, após o mesmo exercício de escrita, outros voluntários tinham que escolher entre manter para si mesmos uma quantia em dinheiro que estavam recebendo ou doá-la para uma instituição de caridade. Depois que cada um tomava sua decisão, os pesquisadores perguntavam o quanto eles se sentiam autênticos sobre sua decisão - no sentido de estarem sendo induzidos a doar pelas circunstâncias, por exemplo.

Os participantes no grupo de baixa crença do livre-arbítrio relataram menos autenticidade durante na sua decisão do que os outros que escreveram depoimentos que demonstravam o livre-arbítrio.

Para conhecer seu verdadeiro eu, acredite no livre-arbítrio
A cultura ocidental tende a assumir que aquilo que as pessoas fazem e o que acontece a elas está sob seu controle, é uma consequência de suas escolhas e, portanto, é sua própria responsabilidade.
[Imagem: Duncan Lilly/Wikimedia]

Livre-arbítrio e imoralidade

"Nossos resultados sugerem que parte de ser quem você é inclui experimentar uma sensação de poder agir e de sentir como se estivesse no controle sobre as ações e consequências em sua vida," interpretou Elizabeth. "Se as pessoas são capazes de experimentar esses sentimentos, elas podem chegar mais perto de seu eu verdadeiro ou central."

A pesquisadora adianta que pretende agora estudar como essa variação na crença no livre-arbítrio pode afetar os comportamentos imorais.

A pesquisa foi publicada na revista científica Social Psychological and Personality Science.

Efeitos da crença no livre-arbítrio

Estudos anteriores já demonstraram que a relativização da crença no livre-arbítrio pode aumentar a desonestidade, a agressividade e a conformidade, e diminuir os sentimentos de gratidão.

Já a alienação do "si-mesmo", ou a desconexão com o verdadeiro eu, está associada com o aumento da ansiedade, depressão e insatisfação com as próprias decisões. Por outro lado, o conhecimento do seu verdadeiro eu influencia positivamente a autoestima e dá um sentido de significado à vida.

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