Vacina universal contra a gripe
Cientistas da Escola de Medicina Monte Sinai desenvolveram uma vacina da gripe que é um passo rumo a uma vacina universal, que, no futuro, poderá eliminar a necessidade de vacinas sazonais anti-influenza.
Os resultados foram publicados na edição inaugural da mBio, a primeira revista online de acesso gratuito publicada pela Sociedade Americana de Microbiologia.
Vacinas sazonais
"As vacinas atuais contra a gripe são eficazes apenas contra um intervalo estreito de linhagens do vírus influenza. É por isso que novas vacinas devem ser produzidas e aplicadas a cada ano. Nós agora relatamos progressos rumo à meta de uma vacina contra o vírus da gripe que protege contra múltiplas cepas," explica Peter Palese, um dos autores do estudo.
A principal razão para que a atual vacina sazonal seja tão específica para cepas definidas do vírus é que os anticorpos que ela induz são dirigidos para a cabeça globular da hemaglutinina (HA), uma molécula localizada na superfície do vírus da gripe. Esta cabeça globular é altamente variável e está em constante mutação de cepa para cepa.
Hemaglutinina
Neste estudo, os pesquisadores construíram uma vacina usando a molécula hemaglutinina sem sua cabeça globular.
Camundongos imunizados com a vacina com a hemaglutinina decapitada mostraram resposta imune maior e mais robusta do que os camundongos imunizados com a hemaglutinina completa, e essa resposta imune ampliada foi suficiente para protegê-los contra um viral letal ao qual foram submetidos em seguida.
"Nossos resultados sugerem que a resposta induzida pela vacina com hemaglutinina decapitada é suficientemente forte para justificar o prosseguimento do seu desenvolvimento, rumo a uma vacina universal contra o vírus da gripe. Com mais desenvolvimento e novos testes, podemos prever que uma única imunização com uma vacina com a hemaglutinina decapitada irá oferecer uma proteção eficaz ao longo de várias epidemias de gripe," diz Palese.
Vacinas universais
Em um artigo relacionado, também publicado na mesma revista, Antonio Cassone, do Instituto Superiore di Sanità, na Itália, e Rino Rappuoli, da Novartis Vacinas e Diagnósticos, comentam sobre a pesquisa rumo a futuras vacinas universais.
"Pesquisas recentes demonstrando a possibilidade de proteger contra todos os tipos de vírus de influenza A, ou mesmo contra agentes patogênicos filogeneticamente distantes, com vacinas baseadas em peptídeos altamente conservadas ou sequências de sacarídeos, está mudando o nosso paradigma," escrevem eles. "Será a influenza a única doença que permite abordagens rumo a vacinas universais? Claramente, não."
Eles acentuam que uma vacina pneumocócica universal já está sendo discutida, bem como uma para o HIV. Estratégias de vacinais universais também poderiam ser usadas para a proteção contra bactérias resistentes aos antibióticos e fungos para os quais não existe vacina disponível atualmente.
"Agora existe uma esperança, sustentada pelo conhecimento e pela tecnologia, para a geração de vacinas universais com amplo espectro de proteção restrita a espécies ou grupos de agentes patogênicos estreitamente relacionados," preveem eles.
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