27/11/2017

Pneumonia poderá ser tratada com vacina em vez de antibióticos

Redação do Diário da Saúde
Pneumonia poderá ser tratada com vacina em vez de antibióticos
Essa descoberta promete mudar completamente a abordagem terapêutica para a pneumonia.
[Imagem: Susanne Staubli/Kinderspital Zürich]

Pneumonia bacteriana

Por mais que a pneumonia incomode a humanidade há tanto tempo, a verdade é que a ciência ainda não tem totalmente claro como essa doença respiratória se desenvolve.

Por isso, até hoje a infecção é tratada com antibióticos. Por exemplo, sabe-se que as bactérias Mycoplasma são uma das causas mais comuns de pneumonia bacteriana em crianças.

Mas esta não parece ser a história completa.

Pesquisadores da Universidade de Zurique (Suíça) acabam de descobrir que existem células imunológicas específicas - as chamadas células B - que são cruciais para que um paciente se recupere da infecção. Diferentemente da hipótese mais aceita pelos cientistas até agora, de que o tratamento consiste em destruir as bactérias por meio de antibióticos, o que ocorre é que são os anticorpos produzidos por essas células B que eliminam o micoplasma nos pulmões - basta ver que as bactérias persistem no trato respiratório superior, onde esses anticorpos não atuam, afirmam Patrick Meyer Sauteur e seus colegas.

"Este dado é a primeira prova de que a resposta de anticorpos é crucial para limpar as infecções pulmonares causadas pelo micoplasma," afirmou o pesquisador.

Vacina para pneumonia

Essa descoberta promete mudar completamente a abordagem terapêutica para a pneumonia.

Se a infecção é combatida e debelada por células imunes do próprio corpo, pode ser possível desenvolver vacinas específicas que provoquem respostas de anticorpos para proteger da infecção tão logo as bactérias apareçam.

"Nosso trabalho abre o caminho para o desenvolvimento de vacinas contra o micoplasma. Os grupos-alvo para tais vacinas incluirão crianças pequenas sem alternativas de tratamento como resultado da resistência emergente a antibióticos contra o micoplasma em certos países," disse Sauteur.

Sistema imunológico contra bactérias

A equipe suíça cultivou a bactéria micoplasma com um corante fluorescente, o que permitiu, pela primeira vez, acompanhar visualmente o patógeno no pulmão e no trato respiratório superior durante uma infecção.

O que se verificou é que há diferenças significativas entre o pulmão e o trato respiratório superior na resposta imune após a infecção. Os anticorpos IgM e IgG apareceram em número significativamente maior no pulmão, onde há ainda um aumento e ativação das células B em linfonodos locais - por isso os patógenos puderam ser eliminados dentro de algumas semanas.

Por outro lado, no trato respiratório superior o que se detectou foram os anticorpos IgA, que não ativaram as células B, o que resultou na persistência observada da infecção bacteriana neste local.

Experimentos realizados com camundongos geneticamente modificados para não apresentarem as células B comprovaram que, quando esses animais recebiam uma injeção dessas células imunes, a bactéria era efetivamente eliminada do pulmão, mas não do trato respiratório superior.

A equipe agora pretende iniciar os primeiros experimentos para o desenvolvimento de uma vacina contra a pneumonia.

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