Ciência com responsabilidade social
Um projeto pioneiro para o tratamento de câncer de pele, desenvolvido pelos pesquisadores do Instituto de Física de São Carlos (IFSC), da USP, vai beneficiar mais de oito mil pessoas em um período de apenas um ano.
A distribuição do equipamento para mais de 100 municípios do país, a partir de fevereiro, representa o desenvolvimento da ciência com responsabilidade social, o que tem um peso muito maior do que o 1,5kg apenas do kit de tratamento.
O projeto recebeu um investimento de R$3,2 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a produção do kit, compra de medicamentos e treinamento de pessoal.
Terapia fotodinâmica
O tratamento será gratuito nas localidades em que será distribuído e será eficaz contra o câncer de pele em estágio inicial. A distribuição dos centros de tratamento terá como critério áreas de maior incidência da enfermidade, segundo o coordenador do projeto, o professor doutor Vanderlei Salvador Bagnato. Cada centro deverá custar no máximo R$ 7 mil.
O tratamento baseia-se em terapia fotodinâmica: uma pomada é aplicada no local da lesão, para que uma luz especial, com comprimento de onda específico, ative uma substância chamada porfirina, que age matando as células cancerosas. Segundo Bagnato, mais de 70% das lesões são facilmente tratadas. O tratamento deixa cicatrizes quase imperceptíveis.
A terapia fotodinâmica já vinha sendo utilizada há mais de 10 anos no país e também vinha recebendo atenção e boa recepção em todo o mundo. O trabalho dos pesquisadores brasileiros foi direcionado à adequação do método à realidade do país, que sofre com grande índice de casos de câncer de pele, sendo o caso de câncer de maior incidência no Brasil. Com o aumento da expectativa de vida, os números poderiam se expandir ainda mais.
Atenção internacional
O projeto tem como objetivo ultrapassar obstáculos econômicos, sociais e logísticos do tratamento do câncer de pele, levando a tecnologia a toda a sociedade, com baixo custo e bons índices de eficácia. A ideia, inclusive, já chamou atenção de autoridades médicas internacionais de países como Venezuela, Argentina e Paquistão.
Quarenta pesquisadores (entre técnicos, estudantes e professores) e empresas de São Carlos trabalham no projeto que conta com o apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e é realizado no âmbito do Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica e com apoio do Instituto Nacional de Óptica e Fotônica.
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