27/05/2021

Baixo nível de testosterona aumenta risco de covid-19 grave em homens

Redação do Diário da Saúde
Baixos níveis de testosterona aumenta risco de covid-19 grave em homens
Os dados contradizem suposições generalizadas na comunidade científica de que níveis elevados de testosterona poderiam explicar por que os homens, em média, desenvolvem covid-19 mais grave do que as mulheres.
[Imagem: SARA MOSER]

Por que homens têm covid mais grave?

Níveis baixos de testosterona no sangue estão associados a casos mais graves de covid-19 entre os homens.

Estes resultados contradizem suposições generalizadas, baseadas em dados epidemiológicos, de que níveis elevados de testosterona poderiam explicar por que os homens, em média, desenvolvem covid-19 mais grave do que as mulheres.

Durante a pandemia, os médicos observaram que os homens com covid-19 se saem pior, em média, do que as mulheres com a infecção.

A teoria que emergiu rapidamente é que as diferenças hormonais entre homens e mulheres poderiam tornar os homens mais suscetíveis às formas graves da doença. E, como os homens têm muito mais testosterona do que as mulheres, alguns cientistas especularam que os altos níveis de testosterona poderiam ser os culpados.

Mas os dados coletados pelo Dr. Sandeep Dhindsa e colegas das universidades de Washington e St Louis (EUA) indicam que, entre os homens, é o oposto que parece ser verdadeiro: Baixos níveis de testosterona no sangue mostraram-se associados às formas mais graves da covid-19.

Cuidado com terapias hormonais

O estudo não conseguiu provar que a baixa testosterona seria uma causa de covid-19 grave - os níveis baixos do hormônio masculino podem simplesmente servir como um marcador de algum outro fator causal.

Ainda assim, os pesquisadores recomendam cautela com alguns ensaios clínicos em andamento, que prontamente começaram a investigar terapias hormonais, que bloqueiam ou reduzem a testosterona ou aumentam o estrogênio, como tratamento para homens com covid-19.

Entre as mulheres, os pesquisadores não encontraram correlação entre os níveis de qualquer hormônio e a gravidade da doença. Entre os homens, apenas os níveis de testosterona, mas não de outros hormônios, foram associados à gravidade da covid-19.

Testosterona e covid-19

Um nível de testosterona no sangue de 250 nanogramas por decilitro (ng/dl) ou menos é considerado baixo em homens adultos.

Na admissão hospitalar, os homens com covid-19 grave tinham níveis médios de testosterona de 53 ng/dl, enquanto aqueles com doença menos grave tinham níveis médios de 151 ng/dl. No terceiro dia da internação, o nível médio de testosterona dos homens mais gravemente enfermos era de apenas 19 ng/dl.

Quanto mais baixos os níveis de testosterona, mais grave mostrou-se a doença. Por exemplo, pacientes com os níveis mais baixos de testosterona no sangue corriam maior risco de precisar do respirador, de cuidados intensivos ou de morrer. Trinta e sete pacientes - 25 dos quais eram homens - morreram durante o estudo.

Os pesquisadores notaram que outros fatores conhecidos por aumentar o risco de covid-19 grave - incluindo idade avançada, obesidade e diabetes - também estão associados a níveis mais baixos de testosterona.

"Estamos investigando agora se há uma associação entre hormônios sexuais e desfechos cardiovasculares na covid-19 longa, quando os sintomas perduram por muitos meses," antecipou o Dr Abhinav Diwan. "Também estamos interessados em saber se os homens em recuperação de covid-19, incluindo aqueles com covid-19 longa, podem se beneficiar da terapia com testosterona. Esta terapia tem sido usada em homens com baixos níveis de hormônios sexuais, então pode valer a pena investigar se uma abordagem semelhante pode ajudar sobreviventes de covid-19 do sexo masculino em sua reabilitação."

Checagem com artigo científico:

Artigo: Relationship of circulating sex hormones with inflammation and disease severity in covid-19
Autores: Sandeep Dhindsa, Nan Zhang, Michael J. McPhaul, Zengru Wu, Amit K. Ghoshal, Emma C. Erlich, Kartik Mani, Gwendalyn J. Randolph, John R. Edwards, Philip A. Mudd, Abhinav Diwan
Publicação: JAMA Network Open
Vol.: 4(5):e2111398
DOI: 10.1001/jamanetworkopen.2021.11398
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