Lendo a mente nos olhos
Cientistas demonstraram pela primeira vez que a testosterona afeta negativamente a capacidade das pessoas de sentir empatia.
Eles usaram um teste de aplicação de testosterona sob a língua de voluntárias e mediram suas capacidades de "ler a mente", um dos indicadores de empatia.
A pesquisa usou um teste chamado "Lendo a mente nos olhos", que testa o quão bem alguém pode inferir o que outra pessoa está pensando ou sentindo olhando fotografias das expressões faciais ao redor dos olhos.
O estudo foi feito por Jack van Honk (Universidade de Utrecht) e Simon Baron-Cohen (Universidade de Cambridge).
Empatia feminina
A leitura da mente é um aspecto da empatia, uma habilidade que mostra diferenças significativas de gênero, em favor das mulheres.
Os cientistas avaliaram 16 mulheres jovens da população em geral, pois as mulheres, em média, têm níveis mais baixos de testosterona do que os homens.
A decisão de testar apenas mulheres foi tomada para maximizar a possibilidade de ver uma redução dos seus níveis de empatia, que são normalmente mais elevados do que os dos homens.
Avaliar apenas voluntários com níveis já baixos de empatia poderia confundir os resultados.
Testosterona e leitura da mente
Os pesquisadores descobriram que a administração de testosterona não apenas leva a uma redução significativa na capacidade de leitura da mente, como também este efeito é fortemente preditivo da chamada relação 2D:4D, um marcador de testosterona pré-natal.
As pessoas com taxas 2D:4D mais masculinizadas apresentam uma redução mais acentuada na capacidade de ler a mente.
"Estamos muito animados com esta descoberta porque ela sugere que os níveis de testosterona pré-natal geram efeitos posteriores da testosterona sobre a mente," disse o Dr. Jack van Honk.
"Este estudo contribui para o nosso conhecimento de como pequenas diferenças hormonais podem ter efeitos de longo alcance sobre a empatia," comenta Simon Baron-Cohen.
Conclusões e implicações
O novo estudo tem várias implicações importantes.
Primeiro, que os níveis correntes de testosterona afetam diretamente a capacidade de uma pessoa de ler a mente de outros.
Isso pode ajudar a explicar porque em média as mulheres têm melhor desempenho em testes deste tipo do que os homens, uma vez que os homens, em média, produzem mais testosterona do que as mulheres.
Em segundo lugar, que a relação 2D:4D, um marcador de testosterona fetal, prevê a medida em que a testosterona terá esse efeito mais tarde.
Isto sugere que os níveis de testosterona no útero têm um "efeito organizador" de longo prazo na função cerebral.
Finalmente, dado que as pessoas com autismo têm dificuldades em ler a mente, e que o autismo afeta homens com mais frequência do que mulheres, o estudo fornece mais apoio para a teoria andrógena do autismo - a testosterona é um andrógeno.
Os resultados foram publicados na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences.
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