Psicologia do perdão
Ao avaliar o caráter moral dos outros, as pessoas se apegam facilmente às boas impressões, mas prontamente ajustam suas opiniões sobre aqueles que apresentam sinais de mau comportamento.
Essa flexibilidade em julgar os transgressores pode ajudar a explicar como os humanos perdoam - e por que eles às vezes permanecem em relacionamentos ruins.
"O cérebro forma impressões sociais de uma forma que pode permitir o perdão. Como as pessoas às vezes se comportam mal por acidente, precisamos ser capazes de atualizar impressões ruins que se revelam equivocadas. Caso contrário, podemos terminar os relacionamentos prematuramente e perder os muitos benefícios da conexão social," explica Molly Crockett, professora de psicologia da Universidade de Yale (EUA).
Disposição para perdoar
Para chegar a essas conclusões, a equipe de Crockett fez uma série de experimentos, nos quais mais de 1.500 voluntários observavam as escolhas de dois estranhos que enfrentavam um dilema moral: infligir dolorosos choques elétricos em outra pessoa em troca de dinheiro. Enquanto o "bom" estranho se recusava a dar um choque em outra pessoa por dinheiro, o "mau" estranho tendia a maximizar seus lucros, apesar das consequências dolorosas para os outros.
Os voluntários foram então questionados sobre suas impressões sobre o caráter moral dos estranhos e o quanto se sentiam confiantes sobre suas avaliações.
Os voluntários rapidamente formaram impressões positivas e estáveis do bom estranho e mostraram-se altamente confiantes em suas impressões. No entanto, eles se mostraram muito menos confiantes de que o outro estranho era realmente mau e acreditavam poder mudar de ideia rapidamente. Por exemplo, quando o estranho malvado ocasionalmente fazia uma escolha generosa, as impressões dos voluntários melhoravam imediatamente - até que testemunhassem a próxima transgressão.
Dificuldades sociais
Esse padrão de atualização de impressões pode fornecer algumas dicas sobre por que as pessoas às vezes se prendem a relacionamentos ruins.
"Achamos que nossos resultados revelam uma predisposição básica para dar aos outros, mesmo a estranhos, o benefício da dúvida. A mente humana é construída para manter relacionamentos sociais, mesmo quando os parceiros às vezes se comportam mal," diz Crockett.
A pesquisa também pode ajudar a lançar alguma luz sobre os transtornos psiquiátricos que envolvem dificuldades sociais, como a Desordem Marginal, ou Transtorno da Personalidade Limítrofe.
"A capacidade de formar impressões do caráter dos outros com precisão é crucial para o desenvolvimento e manutenção de relacionamentos saudáveis," disse a coautora do estudo Jenifer Siegel, da Universidade de Oxford. "Desenvolvemos novas ferramentas para medir a formação de impressões, o que pode ajudar a melhorar nossa compreensão da disfunção relacional."
Ver mais notícias sobre os temas: | |||
Sentimentos | Relacionamentos | Neurociências | |
Ver todos os temas >> |
A informação disponível neste site é estritamente jornalística, não substituindo o parecer médico profissional. Sempre consulte o seu médico sobre qualquer assunto relativo à sua saúde e aos seus tratamentos e medicamentos.
Copyright 2006-2024 www.diariodasaude.com.br. Todos os direitos reservados para os respectivos detentores das marcas. Reprodução proibida.