Desgaste do ouvido?
Fones de ouvido com volume alto demais podem não apenas comprometer a saúde auditiva, como também afetar a memória e a aprendizagem.
Medições em laboratório indicam que alguns aparelhos tocadores de MP3 conseguem jogar nos ouvidos um ruído semelhante ao de uma turbina de avião em pleno funcionamento.
Mas por que, e sobretudo como, ouvir som alto danifica o ouvido?
Esta é uma resposta que só agora os cientistas começam a elaborar com precisão. E a resposta veio acompanhada de uma boa notícia.
Danos na mielina
Ruídos acima de 110 decibéis causam problemas sérios de audição, incluindo surdez temporária e zumbido nos ouvidos, mas esta é a primeira vez que os cientistas conseguiram identificar o dano celular que causa esses efeitos.
As células nervosas que levam os sinais elétricos - correspondentes aos sons - até o cérebro, têm um revestimento chamado mielina.
Os ruídos muito elevados têm um efeito mecânico sobre esse revestimento, podendo destruir ou até arrancar as células da mielina, atrapalhando o tráfego dos sinais elétricos.
Uma exposição prolongada a esses ruídos danifica cada vez mais a camada de mielina, o que significa que os nervos terão uma eficiência cada vez menor na transmissão das informações auditivas até o cérebro.
E, assim, a pessoa vai perdendo a audição aos poucos.
Os danos ao revestimento das células nervosas também as torna mais suscetíveis a "interferências", eventualmente gerando o tão incômodo zumbido nos ouvidos.
Reversão da perda auditiva
A boa notícia é que pode ser possível ajudar a recuperação das células danificadas, eventualmente restaurando a audição.
O organismo faz isso sozinho, nos casos da perda temporária de audição, embora o processo leve até três meses.
"Nós agora entendemos porque a perda de audição pode ser revertida em alguns casos," disse a Dra Martine Hamann, da Universidade de Leicester, no Reino Unido.
"A pesquisa nos permitiu compreender o percurso da exposição aos ruídos altos até a perda auditiva. Além de ajudar na prevenção, o trabalho poderá ajudar a encontrar curas para a progressão da perda auditiva," conclui ela.
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