10/07/2009

Reposição nutricional por sonda é mais eficaz que via oral

Antonio Carlos Quinto - Agência USP

Via oral ou via sondas?

A utilização de sondas para reposição nutricional em pacientes internados em hospitais pode ser mais eficaz em relação à administração de suplementos nutricionais via oral.

Na enfermaria de Clínica Médica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP) da USP, uma pesquisa avaliou a evolução antropométrica - medidas corporais - de pacientes internos submetidos às duas modalidades de reposição nutricional.

A pesquisa Evolução antropométrica e sintomas gastrointestinais em pacientes que receberam suplementos nutricionais ou nutrição enteral teve como objetivo avaliar as medidas de 30 pacientes. Como resultado, verificou-se que a suplementação nutricional foi menos benéfica quando comparada à terapia que oferecia dieta via sonda.

O estudo

Os pacientes foram divididos em dois grupos, sendo 15 homens e 15 mulheres. Em comum, todos tinham doenças crônicas e precisavam recuperar sua condição nutricional. "Do total, 20 pacientes foram submetidos a reposição nutricional enteral, que é feita por um tubo instalado na narina do paciente até o tubo digestivo, podendo ser posicionada no estômago ou intestino. Outros dez receberam os suplementos por via oral", conta a nutricionista Juliana Maria Faccioli Sicchieri. Foi dela a idéia de estudar o tema a partir de sua experiência como nutricionista assistente da disciplina de Nutrologia, do Departamento de Clínica Médica da FMRP.

Sob a coordenação da professora Selma Freire de Carvalho da Cunha, docente do curso de nutrição e metabolismo da FMRP, Juliana iniciou suas observações no início de 2007. Em visitas diárias à enfermaria, a equipe aferia semanalmente o peso dos pacientes. "Todos os dias aplicávamos um questionário em que eles respondiam sobre suas condições. Se estavam percebendo melhora com a nutrição enteral ou via oral", conta Juliana.

Medidas corporais

Com a mesma periodicidade semanal, a equipe aferia as medidas corporais dos pacientes. "Medimos a prega cutânea do tecido adiposo, que permite avaliar o percentual de gordura. Trata-se de uma medida clinicamente confiável", ressalta a nutricionista, lembrando que a circunferência do braço também era aferida usando uma fita métrica simples.

Ao final da coleta dos dados, já no final daquele mesmo ano, a equipe constatou que os 20 pacientes que foram atendidos pela reposição nutricional enteral recuperaram as medidas de maneira mais eficaz. Em relação à dieta via oral, a equipe detectou alguns fatores que prejudicam a eficácia desta modalidade de reposição nutricional. Entre eles Juliana destaca a temperatura, o sabor e os horários em que a dieta é servida. "Num complexo hospitalar amplo como o HCFMRP, percebemos que há falta de pessoal no setor de Terapia Nutricional, onde é preparada a dieta dos pacientes", explica a nutricionista. "A dieta pode levar muito tempo para ser servida, o que pode influir na temperatura e nos horários, nem sempre freqüentes", justifica.

Questão emocional

Mesmo tendo constatado maior eficácia da reposição enteral, a nutricionista lembra que os profissionais da área de saúde costumam preferir a suplementação via oral. "Há todo um envolvimento emocional neste caso, visto que trata-se de um método invasivo. Por isso, boa parte dos profissionais preferem evitar sofrimentos aos pacientes, optando pela dieta via oral. Além das condições verificadas no estudo, Juliana acredita que a qualidade das refeições hospitalares, de um modo geral, também precisa ser melhorada, com a inclusão de mais opções alimentares nas refeições.

O estudo idealizado por Juliana e coordenado pela professora Selma contou ainda com a colaboração de Maria do Rosário del Lama de Unamuno, enfermeira da Comissão de Terapia Nutricional do HCFMRP, e Júlio Sérgio Marchini, professor titular da disciplina de nutrologia.

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