21/07/2020

Pensamento positivo forçado não gera ganhos a longo prazo

Redação do Diário da Saúde

Poder do pensamento positivo

O pensamento positivo tem sido elogiado há muito tempo como o caminho para a felicidade, mas talvez seja hora de abandonar todos os livros de auto-ajuda que tratam do tema.

Ocorre que, quando se trata de questões econômicas, parece que os realistas desfrutam de uma sensação maior de bem-estar a longo prazo do que os otimistas.

Pesquisadores das universidades de Bath e de Londres estudaram as expectativas financeiras das pessoas e as compararam com os resultados reais ao longo de um período de 18 anos.

Eles descobriram que, quando se trata de apostar na felicidade futura, superestimar os resultados esteve associado a um bem-estar menor do que o estabelecimento de expectativas realistas.

As conclusões apontam para os benefícios de tomar decisões com base em avaliações precisas e imparciais e colocam em questão o "poder do pensamento positivo", que enquadra o otimismo como uma profecia auto-realizável, na qual acreditar no sucesso traz o sucesso, juntamente com a felicidade imediata gerada pela idealização de um futuro positivo.

Mas não é que o pensamento negativo deva substituir o pensamento positivo: Os pessimistas também se saíram mal em comparação com os realistas, minando outra visão comum entre os gurus do sucesso de que baixas expectativas limitam a decepção e apresentam um caminho para o contentamento.

Otimismo irrealista

Os pesquisadores estimam que até 80% da população pode ser classificada como "otimista irrealista". Essas pessoas tendem a superestimar a probabilidade de que coisas boas aconteçam e subestimar a possibilidade de coisas ruins. Mas a realidade é que grandes expectativas as preparam para grandes doses de decepção.

"Planos baseados em crenças imprecisas geram decisões ruins e são propensos a produzir resultados piores do que crenças racionais e realistas, levando a um bem-estar menor para otimistas e para pessimistas. Particularmente propensas a isso são as decisões sobre emprego, economia e qualquer escolha que envolva risco e incerteza.

"Eu acredito que, para muitas pessoas, pesquisas que mostram que você não precisa passar o dia se esforçando para pensar positivamente podem ser um alívio. Vimos que ser realista sobre o seu futuro e tomar boas decisões com base em evidências pode trazer uma sensação de bem-estar, sem ter que mergulhar na positividade implacável," explicou o Dr. Chris Dawson, coordenador da pesquisa.

Os resultados também podem ser devidos à neutralização das emoções, afirmam os pesquisadores. Para os otimistas, a decepção pode eventualmente sobrecarregar os sentimentos antecipatórios de esperar o melhor, de modo que a felicidade começa a cair. Para os pessimistas, o medo constante de esperar o pior pode superar as emoções positivas de fazer melhor do que o esperado.

Checagem com artigo científico:

Artigo: Neither an Optimist Nor a Pessimist Be: Mistaken Expectations Lower Well-Being is published at
Autores: David de Meza, Chris Dawson
Publicação: Personality and Social Psychology Bulletin
DOI: 10.1177/0146167220934577
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