Engenharia de tecidos
Cientistas da Universidade de Granada, na Espanha, conseguiram criar pele humana artificial a partir de um material de origem biológica chamado fibrina-agarose.
A pele artificial, criada por uma técnica que os cientistas chamam de engenharia de tecidos, foi implantada em ratos e apresentou excelente maturação e desenvolvimento, recuperando funcionalidades da pele natural.
Dermatologia e animais de laboratório
Esta descoberta pioneira irá permitir a utilização clínica da pele humana em pacientes, além de seu uso em pesquisas de laboratório que hoje são feitas utilizando animais.
Além disso, destacam os cientistas, a descoberta poderá ser útil no desenvolvimento de novas estratégias de tratamento de patologias dermatológicas.
Pele artificial
Inicialmente, os pesquisadores selecionaram as células que seriam empregadas na geração da pele artificial.
A seguir, eles analisaram a evolução da cultura in-vitro e, finalmente, fizeram um controle de qualidade dos tecidos enxertados em ratos sem pelos.
Embora o processo possa parecer simples, ele exigiu o desenvolvimento de várias técnicas de microscopia imunofluorescente.
Estas técnicas permitiram aos pesquisadores avaliar fatores como a proliferação celular, a presença de marcadores de diferenciação morfológica, a expressão das citoqueratina, filagrina e involucrina, a angiogênese e o desenvolvimento da pele artificial no organismo receptor.
Amostras de pele humana
As células de pele humana necessárias para o início do desenvolvimento foram obtidas a partir de biópsias feitas em pacientes do hospital ligado à Universidade. Todos os pacientes deram consentimento para participar do estudo.
Os cientistas usaram a fibrina retirada das células saudáveis dos tecidos dos doadores. A seguir eles adicionaram ácido tranexâmico - para evitar a fibrinólise - e cloreto de cálcio para precipitar a coagulação da fibrina, e 0,1% de agarose.
Depois de cultivada, a pele artificial foi enxertada sobre o dorso de camundongos sem pelos, para permitir a observação de sua evolução in vivo.
Esse acompanhamento foi feito usando diversas técnicas de microscopia, o que permitiu a verificação do desenvolvimento do tecido artificial em nível celular, assim como sua integração com os tecidos naturais dos animais.
Pele artificial funcional
A pele criada em laboratório apresentou boas taxas de biocompatibilidade com o receptor e nenhum sinal de rejeição, degenerescência ou infecção.
Além disso, a pele dos animais utilizados no estudo começou a apresentar granulação após seis dias da implantação. Nos vinte dias seguintes a cicatrização foi total.
Este é o primeiro experimento a criar pele humana artificial com uma derme feita com o biomaterial fibrina-agarose. Outros substitutos artificiais da pele já foram criados com outros biomateriais, como colágeno, fibrina, ácido poliglicólico, quitosana e outros.
O novo biocomposto "acrescentou resistência, firmeza e elasticidade à pele", afirmou José María Jiménez Rodríguez, coordenador da pesquisa. "Definitivamente, nós criamos uma pele artificial mais estável, com funcionalidade semelhante à da pele humana normal."
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