Visão interligada com audição
Há poucos dias, um estudo mostrou pela primeira vez que os sons que ouvimos alteram nossa percepção visual.
E parece que a conexão audição-visão é ainda mais intricada do que os cientistas haviam se dado conta.
Pesquisadores descobriram agora que, quando se trata de reconhecer uma voz conhecida, o cérebro humano usa o mesmo centro que se ilumina quando o rosto daquela pessoa é apresentado.
Além de indicar que o reconhecimento facial e da voz estão ainda mais intimamente ligados do que se pensava anteriormente, esta descoberta oferece uma possibilidade intrigante de que informações visuais e auditivas relevantes para identificar alguém alimentem um centro cerebral comum, permitindo um reconhecimento mais robusto e mais completo ao integrar modos separados de sensação.
Ainda que a interação entre os sistemas de processamento cerebral auditivo e visual tenha sido amplamente reconhecida e investigada por várias equipes de neurocientistas em todo o mundo, esses sistemas tradicionalmente têm sido considerados estrutural e espacialmente distintos.
"A partir de pesquisas comportamentais, sabemos que as pessoas podem identificar uma voz familiar com mais rapidez e precisão quando podem associá-la ao rosto do falante, mas nunca tivemos uma boa explicação de por que isso acontece," comentou o professor Taylor Abel, da Universidade de Pittsburgh (EUA). "No córtex visual, especificamente na parte que normalmente processa os rostos, também vimos uma atividade elétrica em resposta às vozes de pessoas famosas, destacando o quão profundamente os dois sistemas estão interligados."
Importante para entender demências
Os pesquisadores tiveram uma oportunidade única de estudar a interação entre centro auditivo e centro visual em pacientes com epilepsia que, como parte de seus cuidados médicos, receberam implantes temporários de eletrodos que medem a atividade cerebral, para determinar a origem de suas convulsões.
Gravações da atividade elétrica da região do cérebro, responsável pelo processamento de sinais visuais - chamados giros fusiformes - mostraram que a mesma região se tornava ativa quando os participantes ouviam vozes familiares, embora essa resposta fosse de menor magnitude e ligeiramente atrasada.
"Isso é importante porque mostra que as áreas auditiva e visual interagem muito cedo quando identificamos as pessoas, e não funcionam isoladamente," disse Abel. "Além de enriquecer nossa compreensão do funcionamento básico do cérebro, nosso estudo explica os mecanismos por trás dos distúrbios em que o reconhecimento de voz ou rosto é comprometido, como em algumas demências ou distúrbios relacionados."
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