Mito da racionalidade econômica
Os economistas têm insistido há séculos que as pessoas e as empresas tomam decisões racionais, que o mercado é racional e a economia sempre chega ao equilíbrio por meio das melhores decisões.
O fato é que, baseadas nesses pressupostos, as teorias econômicas não têm sido muito eficazes em prever as crises ou evitar o desemprego, por exemplo.
Assim, não é difícil "sentir" que há algo de impreciso na tal racionalidade econômica.
Isto agora foi mais uma vez demonstrado experimentalmente pela equipe da Dra. Kaisa Hytonen, da Universidade Aalto (Finlândia), mostrando que a pretensa "racionalidade dos agentes econômicos", como dizem os economistas, é um mito.
Segundo o estudo, há várias ligações entre as decisões financeiras tomadas por um indivíduo que vão muito além do pesar racionalmente os fatos. Na verdade, as circunstâncias que acompanham as decisões econômicas raramente são completamente independentes umas das outras.
O que os experimentos de "neurofinanças" demonstraram é que tanto lucros quanto prejuízos - no mercado acionário, em corridas de cavalos e em vários jogos virtuais - aumentam a quantidade de risco que as pessoas estão dispostas a assumir.
Neuroeconomia
As razões por trás da tomada de decisões financeiras foram determinadas por meio de imagens de ressonância magnética funcional - a atividade cerebral dos participantes foi monitorada conforme eles faziam as escolhas financeiras sujeitas a risco.
"O exame de varredura do cérebro mostra que uma maior assunção de riscos está relacionada com a reação emocional causada pelo ganhar e pelo perder e, além disso, a reflexão diminui. Quanto mais fortemente as áreas emocionais do cérebro reagem a experiências de ganhos e perdas, mais as pessoas posteriormente aceitam o risco," explica Kaisa.
Ou seja, ao contrário do que os pressupostos das teorias econômicas estabelecem, cada decisão não é seguida de um "reset" de racionalidade: as decisões se encadeiam, com a avaliação de risco sendo totalmente balizada pelos eventos anteriores.
O estudo foi publicado no Journal of Economic Behavior & Organization.
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