Células que acumulam gordura
Tem havido um esforço grande e constante para encontrar meios de tratar a obesidade, uma condição séria que pode levar à hipertensão, diabetes, inflamação crônica e doenças cardiovasculares.
O desenvolvimento das células adiposas, ou de gordura, que são produzidas a partir de um minúsculo progenitor semelhante a um fibroblasto, não apenas ativa os genes específicos das células adiposas, mas também as faz crescer, armazenando mais lipídios (adipócitos e tecido adiposo).
Na verdade, o armazenamento de lipídios é a função fundamental de uma célula adiposa. Mas o armazenamento de lipídio excessivo pode tornar as células de gordura insalubres e levar à obesidade.
Assim, a capacidade de alvejar as células de gordura e separar com segurança a formação de gordura não saudável do metabolismo da gordura saudável seria a resposta às orações de muitas pessoas.
Gordura visceral e gordura subcutânea
Um dos grandes desafios no tratamento da obesidade é que o tecido adiposo não é contínuo no corpo, mas encontrado em "depósitos" largamente disseminados, o que torna difícil atingir o depósito de modo certeiro.
Além disso, existem dois tipos principais de gordura: Gordura visceral, presente nos tecidos internos que envolvem o estômago, fígado e intestinos, e gordura subcutânea, encontrada sob a pele em qualquer parte do corpo. A gordura visceral produz a indesejável barriguinha, enquanto a gordura subcutânea pode criar papadas no queixo, gordura nos braços, etc.
Hoje, não há como tratar especificamente o tecido adiposo visceral, e os tratamentos atuais para gordura subcutânea, como a lipoaspiração, são invasivos e destrutivos.
Remodelar a gordura
Dois novos estudos, publicados agora por pesquisadores da Universidade de Colúmbia (EUA), podem ter a resposta para esse grande desafio, permitindo alvejar o depósito de células de gordura de forma específica e saudável e ainda agir sobre a gordura sob a pele, bem como a inflamação crônica associada à obesidade.
Os pesquisadores descobriram um novo método para tratar a obesidade usando a nanotecnologia, mais especificamente materiais construídos em nanoescala para conterem cargas elétricas específicas - eles respondem pelo nome técnico de "materiais catiônicos". A grande descoberta é que esses nanomateriais podem atingir áreas específicas de gordura e inibir o armazenamento não saudável de gordura nas células.
Os materiais remodelam a gordura em vez de destruí-la, como faz, por exemplo, a lipoaspiração.
A primeira pesquisa focou na adiposidade visceral, ou gordura da barriga. A equipe partiu de uma constatação de pesquisa básica, que mostra que o tecido adiposo contém grandes quantidades de matriz extracelular dotada de cargas elétricas negativas, para manter coesas as células adiposas. Eles então levantaram a hipótese de que essa rede de matriz extracelular, carregada negativamente, poderia funcionar como um tipo de sistema de rodovias, por onde poderiam trafegar moléculas carregadas positivamente.
"Botox da gordura"
Foi aí que entrou o nanomaterial com cargas positivas, chamado PAMAM geração 3 (P-G3), desenvolvido originalmente para combater a inflamação. Quando foi injetado em camundongos obesos, o P-G3 se espalhou rapidamente por todo o tecido, atingindo especificamente a gordura visceral.
E então algo intrigante aconteceu: O P-G3 "desligou" o programa de armazenamento de lipídios nas células adiposas e os camundongos perderam peso. Isso é totalmente inesperado, já que o P-G3 já é utilizado na neutralização de patógenos carregados negativamente, como restos celulares de DNA/RNA.
"Nossa abordagem é única, distinguindo-se das abordagens farmacológicas ou cirúrgicas," disse o professor Li Qiang. "Usamos carga catiônica para rejuvenescer células de gordura saudáveis, uma técnica que ninguém jamais usou para tratar a obesidade. Acho que essa nova estratégia abrirá as portas para uma redução de gordura mais saudável e segura".
A equipe aproveitou então para desenvolver uma abordagem simples que pode ser utilizada para fins estéticos. Em sua segunda pesquisa, eles demonstraram que, assim como o Botox, o P-G3 pode ser injetado localmente em um depósito de gordura subcutâneo específico, desativando o acúmulo de gordura. A expectativa é que isso dê origem a um novo tipo de tratamento contra gorduras localizadas.
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