Pílula do dia seguinte
Metade das mulheres em idade fértil - de 15 a 44 anos - já fizeram uso da pílula do dia seguinte, segundo pesquisa realizado no município de São Paulo pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e pelo Instituto de Saúde.
Quando consideradas as mulheres com idade entre 20 e 29 anos, o percentual alcança 67%. O menor índice é entre mulheres com idade entre 40 e 44 anos (26,48%).
A médica e coordenadora do estudo, Tânia Lago, explica que isso não significa que as mulheres estão usando a pílula como método contraceptivo de rotina: "A maior parte delas já usou pelo menos uma vez na vida, mas nas circunstâncias para as quais ela foi mesmo desenvolvida: quando tem relação sexual não esperada, quando acha que o método falhou, quando acha que camisinha furou ou aconteceu relação sexual em um momento em que não havia uma contracepção em uso, nem camisinha". Apenas uma pessoa da amostra formada por 2.892 paulistanas disse que usava a pílula como método contraceptivo.
A coordenadora do estudo avalia que hoje há mais informação sobre a pílula do dia seguinte, pois a introdução dela no Sistema Único de Saúde (SUS) se deu nos anos 2000.
A maioria dos métodos contraceptivos previne a gravidez antes ou durante a relação sexual. A pílula do dia seguinte, no entanto, é classificada pelo Ministério da Saúde como Anticoncepção de Emergência, por ser um método que pode evitar a gravidez após a relação sexual. O remédio utiliza compostos hormonais concentrados e por curto período de tempo, nos dias seguintes à relação sexual.
Contracepção
Mais de 15% das mulheres disseram não fazer uso de nenhum método para impedir a gravidez.
Em relação aos métodos contraceptivos mais usados, a pílula convencional (26,4%) e a camisinha (18,6%) lideram a lista. O hormônio injetável foi indicado por 10,8% das entrevistadas. A combinação de pílula e camisinha é opção de 8,7% das mulheres. A laqueadura e a vasectomia aparecem com percentuais próximos, de 8,1% e 6,2%, respectivamente.
A aproximação entre os percentuais de esterilização pode ser considerada um avanço na avaliação da coordenadora do estudo. Entre os motivos que explicam a queda na opção pela laqueadura estão as mudanças nos critérios para o procedimento no SUS, definidos em 1997. "O principal deles é a dissociação da realização da laqueadura no momento do parto. Como as mulheres brasileiras fazem preferencialmente nessa hora, ter que voltar a um serviço público pelo menos 42 dias depois do parto, conseguir vaga para se internar é tarefa possível, mas difícil", exemplificou.
A pesquisadora destaca que a tendência mundial é que a contracepção se torna cada vez mais hormonal e, embora esse método tenha efeitos colaterais, cabe a mulher decidir sobre como evitará a gravidez ao longo da vida. "[Cabe ao Estado" ofertar todas as alternativas, porque a maior parte das mulheres, dos 15 aos 44 anos, vai enfrentar esse trabalho da anticoncepção. Se puder, ela vai variar e pode até chegar uma hora em que ela já passou por gravidezes e não quer mais, que ela possa fazer laqueadura", defendeu.
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