Apesar de vários estudo mostrando efeitos positivos do consumo moderado de café, autoridades de saúde dos EUA estão preocupadas com o efeito cumulativo da cafeína.
O problema é que o composto, que apresenta forte efeito estimulante, está presente em um número cada vez maior de produtos, incluindo lanches e bebidas energéticas.
Recentemente, a morte de uma mulher de 30 anos na Nova Zelândia ganhou a atenção dos cientistas devido à atribuição da morte ao alto consumo de Coca-Cola.
Pesquisadores já haviam apontado que os energéticos devem trazer informações sobre cafeína no rótulo, mostrando que os energéticos estão se tornando o café da nova geração - as autoridades de saúde, por sua vez, defendem que as bebidas isotônicas devem ser exclusivas para atletas.
Por outro lado, o chá e o café estão presentes nos hábitos de consumo da grande maioria dos países - pelo menos a cafeína no café expresso pode ser demais para pessoas sensíveis.
De acordo com a revista New Scientist, a cafeína é a "droga psicoativa" mais popular do mundo.
Produtos com cafeína
Agora, até mesmo os EUA - berço da Coca-Cola, da rede de cafeterias Starbucks e dos energéticos 5-Hour Energy - está questionando a adição de cafeína a alimentos diários como waffles, sementes de girassol, castanhas, doces e até jujubas.
Em um comunicado recente, a FDA (Food and Drug Administration), agência que regula a qualidade de medicamentos e alimentos naquele país, condenou o "exemplo infeliz" da goma de mascar Wrigley, que produziu pacotes de oito bastões de chiclete com tanta cafeína quanto em metade de um copo de café. Posteriormente, a Wrigley disse que iria suspender a produção do produto.
A agência também está olhando atentamente para bebidas energéticas cafeinadas, e informou que estava preocupada com o "efeito cumulativo" da dependência de produtos estimulantes - já foram proibidas bebidas que misturam álcool e cafeína.
De acordo com a agência governamental norte-americana que cuida do abuso de substâncias e saúde mental, o número de pessoas que procuram tratamento de emergência após a ingestão de bebidas energéticas dobrou, superando 20 mil em 2011.
A indústria de bebidas energéticas diz que seus produtos são seguros e insiste que não há prova de uma ligação entre consumo de seus produtos e qualquer reação nociva. Estudos que documentam casos de overdoses fatais causadas por "efeitos tóxicos da cafeína" já existem, mas ainda em pequeno número.
Droga da produtividade
Um estudo recente da Escola de Saúde Pública de Harvard sugeriu que "beber café não possui graves efeitos prejudiciais à saúde" e que a ingestão de até seis xícaras por dia "não estaria associada ao aumento do risco de morte por qualquer causa".
Na verdade, há uma abundância de estudos que mostram que o consumo moderado de cafeína pode ter vários efeitos positivos para a saúde.
Ou seja, como quase sempre ocorre em medicina, a diferença entre o remédio e o veneno parece estar na dose.
Como resultado, a FDA se comprometeu a "determinar o que é um nível seguro" de uso da cafeína.
O movimento da agência foi bem recebido por aqueles que temem que a cafeína esteja invadindo demais as nossas vidas diárias - muitas vezes em produtos inesperados.
"Muitas pessoas não estão cientes da cafeína que estão tomando", disse Lynne Goldman, diretor da Universidade George Washington.
Como resultado, diz ela, há problemas como insônia, indigestão ou aumento da pressão arterial.
O consumo de cafeína é especialmente preocupante para os pais, que podem achar difícil regular o que seus filhos ingerem.
Mas, desafiar a hegemonia da cafeína pode ser uma tarefa difícil em um planeta que consome 120 mil toneladas da substância por ano.
"O apelo (da cafeína) é de que nos ajuda a ganhar mais dinheiro. "O que a torna diferente de outras drogas é que é usada como uma ferramenta de produtividade - e não por prazer, como a cannabis, ou como um relaxante, como o álcool," afirma Stephen Braun, autor do livro Buzz: The Science and Lore of Alcohol and Caffeine (Burburinho: A ciência e a tradição do álcool e da cafeína, em tradução livre).
Talvez a analogia mais próxima seja com folhas de coca, mascadas por trabalhadores para lhes dar energia extra em países como Peru e Bolívia.
Não é coincidência, avalia Braun, que a popularidade da cafeína tenha crescido na Europa no início da revolução industrial, com a corrida por maior produtividade.
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