Efluxo de colesterol
Já se sabia que os exames de colesterol ruim podem dar resultados ruins, mas agora se descobriu que o método de medição atual do HDL, o chamado colesterol bom, também pode não expressar o que realmente está ocorrendo no organismo.
Isto porque os exames refletem apenas os níveis circulantes de HDL no sangue, e não as propriedades funcionais dessa lipoproteína.
A boa notícia é que uma outra técnica, chamada "capacidade de efluxo do colesterol", ou efluxo de colesterol, consegue medir a funcionalidade do colesterol HDL.
A equipe do Dr. Anand Rohatgi, da Universidade Sudoeste do Texas (EUA), mediu o efluxo de colesterol em mais de 3.000 participantes de um estudo multi-étnico, comparando os resultados com os níveis tradicionais de HDL e a relação dos dois resultados com o risco cardiovascular.
Sua conclusão é que o efluxo do colesterol é não apenas um indicador melhor do risco cardiovascular, como também um alvo melhor para tratamentos terapêuticos do que as medições convencionais de HDL.
Propriedade funcional do colesterol
O método para medir a propriedade funcional do colesterol foi criado apenas recentemente, e ainda não é utilizado em larga escala.
A função chave do HDL é remover o colesterol de placas formadas nos vasos sanguíneos e transportá-lo até o fígado para excreção. O efluxo de colesterol mede se o HDL presente no sangue - que é detectado pelo exame tradicional - está mesmo cumprindo esse papel.
O estudo constatou que a medida funcional do efluxo de colesterol fornece informações significativamente diferentes daquelas da medição padrão do colesterol HDL. Os resultados revelaram uma relação de proteção significativa do efluxo do colesterol contra o risco cardiovascular.
Quanto melhor o efluxo de colesterol de uma pessoa, menor a probabilidade de que ela sofra um ataque cardíaco, derrame ou morte por doença cardíaca. A associação foi muito mais forte com o efluxo do colesterol do que com os resultados da medição tradicional do nível de colesterol HDL.
Número sem eficácia
O colesterol HDL tem sido considerado como "bom colesterol" porque inúmeros estudos populacionais têm demonstrado uma relação inversa forte e consistente entre os níveis de colesterol HDL e o risco de doença cardíaca.
"Infelizmente, essa observação não se traduziu em terapias eficazes que visem o colesterol HDL," comentou o Dr. Rohatgi. "A niacina aumenta o colesterol HDL em 20 a 25 por cento e novos medicamentos, chamados inibidores da CETP, aumentam o colesterol HDL ainda mais, mas nenhum deles se mostrou capaz de reduzir os eventos cardíacos."
"Então agora nós estamos olhando nos bastidores, por assim dizer, e estamos percebendo que a história toda do que o HDL faz não está sendo contada pelos níveis de colesterol HDL sozinhos," continuou o Dr. Rohatgi.
"O HDL é muito dinâmico. Ele tem muitas funções que não são totalmente captadas pela medição dos níveis estáticos de colesterol. A hipótese mudou de uma hipótese de 'colesterol-HDL' para uma hipótese 'função-HDL' para captar melhor o risco cardiovascular e fornecer um alvo melhor para terapias para reduzir esse risco," concluiu o médico.
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