12/04/2019

Fonte da juventude para o coração pode estar no intestino

Redação do Diário da Saúde
Fonte da juventude para o coração pode estar no intestino
Bactérias do intestino (aqui vistas ao microscópio) influenciam na saúde vascular.
[Imagem: CU Boulder/Divulgação]

Microbioma intestinal e saúde cardiovascular

Por que os vasos sanguíneos se enrijecem e degradam à medida que envelhecemos, aumentando o risco de doenças cardiovasculares?

Pesquisadores acreditam ter identificado um novo culpado surpreendente - e ele vive em nosso intestino.

"Este é o primeiro estudo a mostrar que as mudanças no microbioma intestinal com o envelhecimento têm um impacto adverso na saúde vascular. Ele abre um novo caminho de possíveis intervenções para prevenir doenças cardiovasculares," disse a professora Vienna Brunt, da Universidade do Colorado em Boulder (EUA).

A equipe da professora Brunt deu antibióticos de amplo espectro a camundongos jovens e camundongos velhos para matar a maioria das bactérias que vivem em seus intestinos, virtualmente eliminando o microbioma intestinal.

Em seguida, eles avaliaram a saúde do endotélio vascular (o revestimento interno dos vasos sanguíneos) e a rigidez das grandes artérias dos animais. Também foram medidos os níveis sanguíneos de compostos inflamatórios, radicais livres que danificam os tecidos, antioxidantes e o óxido nítrico, um composto capaz de expandir os vasos sanguíneos.

Depois de três a quatro semanas do tratamento, os camundongos jovens não apresentaram nenhuma mudança na saúde vascular. Os camundongos mais velhos, no entanto, apresentaram grandes melhorias em todas as medidas.

"Quando você suprime o microbioma dos camundongos velhos, sua saúde vascular foi restaurada, equivalendo à dos camundongos jovens," disse o professor Doug Seals, membro da equipe. "Isso sugere que há algo envolvendo os microrganismos que está causando a disfunção vascular."

Metabólitos nocivos

Para tentar descobrir o mecanismo envolvendo os micróbios benéficos do intestino e a saúde vascular, os pesquisadores sequenciaram geneticamente esses micróbios presentes nos intestinos de outros grupos de camundongos, comparando as bactérias do intestino nos camundongos jovens e velhos.

"Em geral, nos camundongos velhos vimos uma maior prevalência de micróbios que são pró-inflamatórios e foram previamente associados a doenças," disse Brunt.

Fonte da juventude para o coração pode estar no intestino
Você sabia que probióticos saudáveis estão sendo extraídos do cocô de bebês?
[Imagem: CC0 Public Domain/Pixabay]

Os camundongos velhos tinham três vezes mais TMAO (trimetilamina N-óxido), um metabólito associado ao aumento do risco de aterosclerose, ataque cardíaco e derrame.

A conclusão é que a nossa coleção de bactérias intestinais residentes muda com a idade, produz cada vez mais metabólitos nocivos que danificam as veias e os vasos sanguíneos, causando doenças.

"Há muito tempo sabemos que o estresse oxidativo e a inflamação estão envolvidos em tornar as artérias adoentadas ao longo do tempo, mas não sabemos por que as artérias começam a ficar inflamadas e estressadas. Algo está provocando isso," disse Seals. "Agora suspeitamos que, com a idade, a microbiota intestinal começa a produzir moléculas tóxicas, incluindo TMAO, que entram na corrente sanguínea, causam inflamação e estresse oxidativo e danificam o tecido."

Como cultivar um microbioma saudável

Seals e Brunt enfatizam que não estão de forma nenhuma sugerindo que as pessoas usem antibióticos como fonte da juventude cardiovascular. "Nós usamos puramente antibióticos como uma ferramenta experimental. Há muitos efeitos colaterais e outros problemas em usá-los amplamente," disse Brunt.

Mas eles acreditam que dietas ricas em alimentos ricos em probióticos (iogurte, kefir, kimchi) e fibras prebióticas poderiam desempenhar um papel na prevenção de doenças cardíacas, promovendo um microbioma intestinal saudável.

A equipe está estudando também um composto chamado dimetil butanol, encontrado em alguns azeites, vinagres e vinhos tintos, que bloqueia a enzima bacteriana necessária para produzir TMAO. Em última análise, isso poderia resultar em um suplemento dietético para prevenção das doenças cardiovasculares.

O estudo foi publicado no Journal of Physiology.

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