Gordura marrom
Em condições frias, o tecido adiposo marrom - ou gordura marrom - gera calor para manter o corpo aquecido.
Esta é a gordura dos bebês, também conhecida como "gordura boa" - na verdade ela também está presente nos adultos e é tão importante que se acredita tratar-se de um órgão endócrino que controla o metabolismo.
Em comparação com o tecido adiposo branco, a gordura que ninguém quer ter, a gordura marrom possui mais mitocôndrias - organelas subcelulares associadas à produção de energia - o que permite queimar calorias e produzir calor pela ativação da proteína de desacoplamento mitocondrial 1 (Ucp-1).
Já sabemos que é possível convencer o corpo a produzir gordura boa, com a estimulação do sistema nervoso simpático (SNS) mediante a exposição ao frio, exercício e restrição calórica.
Os polifenóis ingeridos pela alimentação também podem ativar gordura marrom, fazendo com que o calor seja dissipado de nossos corpos. A ativação dessa gordura, bem como o escurecimento da gordura branca são, portanto, terapeuticamente significativos no combate às doenças cardiovasculares e suas comorbidades.
Polifenóis para produzir gordura boa
Sabendo de tudo isso, cientistas japoneses decidiram examinar a possibilidade de induzir o escurecimento da gordura - fazer a gordura branca virar gordura marrom - pela administração dietética de flavonoides (FLs - flavan 3-ols), uma família de catequinas contendo polifenóis, que são abundantes no cacau, maçã, semente de uva e no vinho tinto.
Yuko Ishii e seus colegas do Instituto de Tecnologia Shibaura (Japão) comprovaram que os FLs aumentam o escurecimento do tecido adiposo ativando o sistema nervoso simpático, que secreta neurotransmissores catecolaminas, como adrenalina (AD) e noradrenalina (NA).
Os resultados revelaram uma correlação direta entre o escurecimento da gordura e o consumo de FLs, o que promete ajudar os pesquisadores a desenvolver novos tratamentos para doenças relacionadas à obesidade. Na verdade, a equipe acredita que os resultados de seu estudo podem contribuir para a prevenção das doenças relacionadas ao estilo de vida em geral.
Maravilhas dos flavonoides
Esta não é a primeira vez que flavonoides fizeram maravilhas.
Melhorias na tolerância à glicose e à insulina foram observadas após apenas uma dose de administração de alimentos ricos nesses compostos. No conjunto, esses resultados evidenciam a necessidade de discutir os aspectos agudos e crônicos das respostas metabólicas geradas pelo consumo de FLs, diz a equipe.
"Embora o mecanismo de escurecimento adiposo não seja totalmente compreendido, é possível que a administração repetida de FLs possa produzir escurecimento através das catecolaminas e seus receptores," explicou a professora Naomi Osakabe. "Mais estudos serão necessários para entender como esse processo é induzido por alimentos ricos em FL".
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