Sol nem sempre causa câncer de pele
Estudo da Faculdade de Medicina da USP comprova que o sol nem sempre causa câncer de pele - e é possível que uma exposição contínua (vários anos) e prolongada (muitas horas) possa ajudar na prevenção da doença.
É o que sugere a pesquisa Efeitos da radiação solar crônica e prolongada sobre o sistema imunológico de pescadores do Recife, da dermatologista Sarita Martins, que analisou uma colônia de pescadores em Brasília Teimosa, bairro de Pina, em Recife, Pernambuco. Dos 20 pescadores estudados, todos apresentavam células de proteção natural aos efeitos da radiação ultravioleta do sol.
Efeitos do sol intenso
"Queria estudar os efeitos do sol intenso em pessoas que ficam expostas por um período longo de tempo", explica a pesquisadora. "Escolhi a profissão que considerei mais vulnerável ao sol, que são os pescadores, e achei que encontraria um número expressivo de casos de câncer de pele".
No entanto, ela não encontrou nenhum caso de câncer de pele ou mesmo de lesão pré-cancerosa. Na realidade, apesar das 12 horas diárias de exposição direta ao sol sem uso de proteção solar de qualquer tipo, eles não se queixavam de queimaduras, bolhas ou outros tipo de lesões na pele.
Pescadores sadios
Na colônia de pescadores existem cerca de três mil profissionais registrados. Após um período de exames clínicos e laboratoriais, como urina, sangue e fezes, foram selecionados 20 pescadores saudáveis, que não apresentassem qualquer tipo de problema orgânico que pudesse interferir no seu sistema imunológico. Como contraponto, ela escolheu mais dez profissionais que não trabalhassem expostos ao sol, como zeladores e auxiliares de cozinha, cuja exposição diária à radiação ultravioleta fosse em média de 1h20.
Pele do pescoço e dos glúteos
Foram coletadas amostras de biópsias de pele da região do pescoço, cuja exposição ao sol é praticamente de 100%, e dos glúteos, cuja exposição solar é praticamente nula. Por meio de exames imunohistoquímicos (exames em tecidos realizados com reações químicas) nas amostras, chegou-se ao seguinte resultado: nos pescadores, as amostras de pele do pescoço apresentavam marcadores imunológicos significantemente maiores em comparação à pele dos glúteos (possivelmente esses marcadores eram os responsáveis pela proteção contra o sol).
Esses marcadores também foram encontrados nos sangues dos pescadores, mas não estavam presentes nem no sangue nem em amostras de pele dos não pescadores. "É um achado inédito", surpreende-se Sarita.
Células imunológicas contra o câncer da pele
A princípio, a tese apresenta resultado isolado e não tem representatividade suficiente para se afirmar que a exposição crônica ao sol contribuiu para o desenvolvimento de células imunológicas contra o câncer da pele. O ideal, segundo ela, seria que mais trabalhos fossem realizados, em diferentes regiões do mundo, para se ter a certeza de que o cotidiano dos pescadores possa, de certa maneira, contribuir para a tolerância da pele ao sol.
No entanto é preciso ressaltar que de maneira alguma esses resultados significam que qualquer um pode se expor ao sol sem cuidados. "É impossível comparar essas pessoas que há 30 anos passam 12 horas diárias debaixo do sol com outras como nós que tomamos sol esporadicamente, em períodos de férias. Para nós, esse sol é prejudicial e é obrigatório o uso de filtro solar", alerta.
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