17/05/2014

Exoesqueleto na copa vai revelar outro Brasil, diz cientista

Com informações da BBC

Na abertura da Copa do Mundo, no dia 12 de junho, a maior estrela deverá ser a apresentação de uma tecnologia de ponta que, segundo cientistas, pode ajudar a mudar a vida de milhões de pessoas pelo mundo.

Durante o evento, será feita a primeira demonstração pública de um exoesqueleto controlado pela mente, que permite que pessoas paraplégicas caminhem.

Se tudo der certo, a roupa robótica será vista por 70 mil pessoas no estádio e por bilhões em todo o mundo, na televisão.

O exoesqueleto foi desenvolvido por um grupo de cientistas que fazem parte do projeto "Caminhar de Novo", e é o resultado de anos de pesquisa de Miguel Nicolelis, um neurocientista brasileiro que trabalha na universidade de Duke, nos Estados Unidos.

Nicolelis acredita que a demonstração na Copa é uma forma de promover também a imagem dos cientistas brasileiros.

"Também é a nossa intenção mostrar para o mundo um outro Brasil. Mostrar que aqui no Brasil também se pode fazer grandes projetos científicos com impacto humanitário e mostrar que existe um outro país, um país que cresceu muito nos últimos anos, melhorou a vida de muita gente, mas que ainda pode fazer coisas muito impressionantes não só para os brasileiros, mas para todo o mundo," afirmou

Ilustração mostra como seria a demonstração da tecnologia na abertura da Copa do Mundo.
[Imagem: Projeto Andar de Novo/Divulgação]

Exoesqueleto

Em 2003, Nicolelis tem trabalhado sobretudo com macacos, que conseguiram controlar os movimentos de braços virtuais em avatares através da atividade de seus cérebros.

Desde novembro, Nicolelis vem fazendo testes e treinamentos com oito pacientes em um laboratório em São Paulo.

A ideia original era que um deles pudesse se levantar de sua cadeira de rodas e dar o pontapé inicial no jogo entre Brasil e Croácia, na estreia da Copa.

"Esse era o plano original", revelou Nicolelis. "Mas nem eu posso falar sobre detalhes específicos de como será esta demonstração. Tudo está sendo discutido neste momento."

"Começamos treinando em um ambiente virtual com simulador. Nos primeiros dias, quatro pacientes usaram o exoesqueleto para dar seus primeiros passos e um deles usou o controle mental para chutar uma bola. Agora aumentamos nossas metas. O exoesqueleto está sendo controlado por atividade cerebral e está enviando sinais de retorno para o paciente," completou

Um capacete vestido pelo paciente capta os sinais do cérebro e os repassa para um computador na mochila do exoesqueleto que decodifica os sinais e os envia para as pernas. A roupa robótica usa pistões hidráulicos e uma bateria, que dura duas horas.

Um capacete lê os sinais cerebrais para comandar o exoesqueleto.
[Imagem: Projeto Andar de Novo/Divulgação]

Sensores

"A ideia básica é que estamos gravando os sinais do cérebro e que depois estes sinais estão sendo traduzidos em comandos para que o robô comece a se mexer", explica Gordon Cheng, da Universidade Técnica de Munique, que trabalhou com Nicolelis e pesquisadores na França para construir o exoesqueleto.

"Estou mais na parte de engenharia e técnica, e uma das tecnologias fundamentais com a qual estamos contribuindo é o sensor que é de ponta", disse Cheng.

O sensor na pele artificial do robô consegue captar o ambiente de forma semelhante aos humanos.

"Quando o pé do exoesqueleto toca o chão, existe pressão e o sensor capta essa pressão. Antes que o pé toque o chão também existe um sensor pré-contato", explica ele.

Alguns críticos disseram que a apresentação pública na Copa poderá passar a impressão falsa de que esta tecnologia estará disponível a todos em breve.

Nicolelis faz questão de deixar claro que isso é "só o começo". Cheng acredita que a tecnologia estará disponível pelo menos dentro dos próximos 20 anos.

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