04/01/2016

Escolha com sabedoria quais exames e tratamentos fazer

Redação do Diário da Saúde
Escolha com sabedoria quais exames e tratamentos fazer
O professor Brian Callaghan está auxiliando uma campanha para determinar quais exames neurológicos e procedimentos médicos são realmente necessários e benéficos aos pacientes.
[Imagem: U-M Health System]

Exames demais

Só porque é comum que os médicos peçam um determinado exame não significa que esta seja a melhor escolha para você.

Na verdade, muitos exames e procedimentos comumente pedidos pelos médicos podem lhe custar bem mais do que apenas o seu dinheiro, alerta o Dr. Brian Callaghan, da Universidade de Michigan (EUA).

De acordo com o especialista, além do desfalque na sua conta bancária, há também o prejuízo potencial de falsos positivos, e só porque um exame tradicionalmente tem sido feito para uma determinada condição não significa que esta seja a melhor forma de conduzir o tratamento em cada caso específico.

Os exemplos mais citados são os largamente difundidos exames de PSA para rastrear o câncer de próstata e as mamografias para rastrear o câncer de mama - mas agora a lista de exames preventivos na lista de "suspeitos" está cada vez maior.

Escolher com Sabedoria

O pesquisador saiu em defesa de uma campanha chamada "Escolher com Sabedoria", uma iniciativa da Fundação ABIM, que trabalha com mais de 70 sociedades de especialidades médicas para incentivar conversas entre médicos e pacientes sobre como evitar exames, tratamentos e procedimentos desnecessários - defendendo o que a organização chama de "profissionalismo médico".

Cada sociedade médica se incumbiu de identificar uma lista inicial de cinco serviços médicos que podem ser desnecessários. Várias sociedades foram além, apresentando novas listas de cinco procedimentos adicionais - algumas delas já estão na terceira lista.

O grupo de neurologia do Dr. Callaghan começou analisando a lista da Sociedade Norte-americana de Neurologia, e depois avançou pelas listas da Academia Norte-americana de Medicina do Sono e da Academia Norte-americana de Cirurgiões Neurológicos, computando nada menos do que 74 itens suspeitos de inadequação.

Vários deles estão duplicados nas listas de várias sociedades médicas, indicando a existência de um consenso no desperdício de recursos que esses procedimentos e exames implicam e nos prejuízos que sua adoção impensada pode gerar aos pacientes.

Procedimentos médicos possivelmente dispensáveis

"As duas maiores áreas que parecem estar fazendo mais [procedimentos] do que deveriam são a imagiologia para dor lombar e imageamento para dores de cabeça," disse Callaghan. "É um grande problema e custa muito dinheiro - nós estamos falando de um bilhão de dólares por ano apenas em imagens para analisar dores de cabeça."

A seguir, na lista de tratamentos que mais aparecem na lista de "possivelmente dispensáveis", estão os opioides, medicamentos para a dor que têm sido apontados como "cientificamente sem efeito":

As doenças e sintomas que aparecem com mais frequência nas listas de sobretratamentos são dores nas costas, demência e delírio, dor de cabeça e concussões.

Ressalvas

O professor Callaghan ressalta que ele e seus colegas não estão encorajando as pessoas a dizerem não se o médico pedir um exame de imagem para analisar a dor lombar ou a dor de cabeça, mas sim que esse alerta sirva para motivar uma discussão entre paciente e médico sobre o propósito específico de cada exame ou procedimento.

"Pedir uma ressonância magnética para dor de cabeça é muito rápido, e realmente leva mais tempo para descrever ao paciente por que esse não é o melhor caminho," disse Callaghan. "Essas diretrizes são destinadas tanto para os médicos quanto para os pacientes, para desencadear uma conversa."

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