Obesidade e sono
Cientistas do Instituto de Pesquisas Scripps (EUA) sintetizaram duas moléculas que alteraram radicalmente o relógio biológico em experimentos com animais.
Segundo os cientistas, os resultados destacam que os novos fármacos mostraram elevado potencial para tratar uma série de condições, entre elas o sobrepeso e a obesidade.
Mas não apenas isso: entre os possíveis beneficiados com uma eventual droga baseada nesse princípio estão pacientes com diabetes, colesterol alto e problemas sérios de sono.
O estudo está publicado no exemplar desta semana da revista Nature.
Ritmos circadianos
O composto agora descoberto altera o ritmo circadiano, o relógio biológico do organismo.
Também é alterado o padrão de expressão genética no hipotálamo, a região do cérebro que contém o principal relógio celular do corpo, que sincroniza os ritmos diários do organismo dos mamíferos.
Os ritmos circadianos resultam em processos psicológicos que respondem aos ciclos de luz e escuridão, embora o relógio biológico não seja a única rota para a influência da luz sobre a saúde.
Quando foram administrados a camundongos tornados obesos por uma dieta rica em gordura, os compostos reduziram a obesidade ao diminuir a massa gorda e melhorar muito o nível do colesterol e os níveis de glicemia.
"A ideia por trás desta pesquisa é que nossos ritmos circadianos estão acoplados com processos metabólicos, e que você pode modulá-los farmacologicamente," disse Thomas Burris, que liderou o estudo.
"Como se demonstrou, o efeito desta modulação é surpreendentemente positivo, tudo tem sido benéfico até agora," comemora ele.
Serve para seres humanos?
A equipe identificou e testou dois compostos sintéticos que ativam as proteínas REV-ERBα and REV-ERBα, que regulam genes que controlam os ritmos biológicos.
Os efeitos metabólicos foram observados depois de 12 dias de aplicação - os animais perderam peso sem nenhuma alteração em sua dieta, nem de qualidade e nem de quantidade.
Em um dos experimentos, a produção de colesterol nos animais reduziu-se em 47%.
A descoberta do fármaco, o princípio ativo que poderá vir a se tornar uma droga, é o primeiro passo no desenvolvimento de um medicamento, o que só acontece depois de avaliações de toxicidade, efeitos colaterais e, finalmente, a aplicabilidade dos resultados aos seres humanos.
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