11/05/2017

Descrição de atiradores pela mídia perpetua estereótipos

Redação do Diário da Saúde
Descrição de atiradores pela mídia perpetua estereótipos
Foram analisados desde os tiroteios criminosos em que um indivíduo atira contra a multidão, até aqueles em legítima defesa ou feitos por policiais.
[Imagem: CC0 Public Domain/Pixabay]

Preconceito nas notícias

A cobertura da mídia dos episódios envolvendo tiroteios em áreas públicas está criando ou perpetuando uma série de estereótipos raciais e de saúde mental.

Os dados mostram que a forma como a mídia descreve os atiradores varia com base na raça do atirador, independentemente das circunstâncias do tiroteio.

A psicóloga Cynthia Frisby, da Universidade de Missouri (EUA), examinou 170 histórias sobre tiroteios em áreas públicas veiculadas em cinco grandes jornais norte-americanos de 2008 a 2016.

As notícias incluíam tiroteios feitos por policiais, casos de legítima defesa e tiroteios criminais.

De herói a terrorista

Dependendo do tipo do tiroteio, a psicóloga identificou quatro adjetivos usados para descrever os atiradores em áreas públicas: herói, terrorista, vândalo e doente mental.

Ao longo das 170 histórias, a palavra "herói" foi usada 32 vezes para descrever atiradores públicos, 75% dos quais eram brancos, enquanto apenas 16% eram negros e 9% eram hispânicos.

Além disso, as histórias sobre atiradores brancos eram muito mais propensas a incluir apenas fatos objetivos, como a hora, data e o local do tiroteio. Já as histórias sobre atiradores não brancos eram muito mais propensas a incluir fatos subjetivos, como circunstâncias agravantes que poderiam ter causado o tiroteio.

A análise também revelou que:

  • A palavra "terrorista" foi usada 35 vezes, descrevendo atiradores muçulmanos em 37% das vezes, atiradores negros 34% e atiradores brancos 17%.
  • A palavra "bandido" foi usada 57 vezes nas histórias, 53% das quais descrevendo atiradores negros, 28% descrevendo atiradores hispânicos e 16% descrevendo atiradores brancos.
  • O termo "doença mental" foi usada 46 vezes nas histórias, 80% das quais descrevendo atiradores brancos, 16% descrevendo atiradores negros e 4% descrevendo atiradores muçulmanos.

Viés na mídia

"Os atiradores negros e hispânicos são mais propensos a serem rotulados como bandidos, enquanto muitos atiradores brancos parecem receber algum nível de indulgência, atribuindo-se suas ações à doença mental. Esta tendência não só perpetua estereótipos raciais negativos, mas também cria estigmas prejudiciais em torno da doença mental, apesar do fato de que a grande maioria das pessoas com doenças mentais não são violentas.

"Está claro que existe alguma medida de viés implícito entre aqueles que escrevem histórias sobre tiroteios em áreas públicas," concluiu Frisby.

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