29/06/2018

Curativo com alto poder cicatrizante é feito da proteína do abacaxi

Com informações da Agência Fapesp
Curativo com alto poder cicatrizante é feito da proteína do abacaxi
Curativo com alto poder cicatrizante é feito da proteína do abacaxi.
[Imagem: Janaína Artem Ataide et al. - 10.1038/s41598-017-18271-4]

Curativo de abacaxi

Pesquisadores brasileiros usaram uma proteína extraída do abacaxi para criar um curativo que potencializa a cicatrização de ferimentos, queimaduras e até de feridas ulcerativas

Os efeitos anti-inflamatórios da proteína bromelina, encontrada no abacaxi, foram somados à nanocelulose bacteriana, sendo que o curativo pode ser fabricado na forma de emplastro ou gel.

Com a bromelina, os pesquisadores perceberam que, além de aumentar a propriedade antimicrobiana da nanocelulose bacteriana, também foi criada uma barreira seletiva que potencializou a atividade proteica e outras atividades importantes para a cicatrização, como o aumento de antioxidantes e da vascularização.

"Uma pele não íntegra tem como maior problema a contaminação. O paciente fica suscetível a ter uma infecção seja em casos de queimaduras, ferimentos ou feridas ulcerativas. A bromelina cria essa barreira tão importante," disse a professora Ângela Faustino Jozala, da Universidade de Sorocaba (Uniso), que desenvolveu o curativo em colaboração com colegas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Bromelina

Tanto a nanocelulose bacteriana como a bromelina são velhas conhecidas da ciência e das indústrias farmacêutica e alimentícia. A proteína do abacaxi é usada como amaciante de carne e sua propriedade de quebra de proteínas, conhecida por debridamento celular, é objeto de interesse para a indústria farmacêutica.

A bromelina tem caráter de limpar o tecido necrosado do ferimento e ainda formar uma barreira protetora contra os microrganismos.

Já a nanocelulose bacteriana pode ser aplicada como substituição temporária sobre a pele ou como curativo no tratamento de lesões ulcerativas, pois alivia a dor, protege contra infecções bacterianas e contribui no processo de regeneração do tecido. E o material é produzido naturalmente pelas bactérias.

"É uma biofábrica. A bactéria Gluconacetobacter xylinus, por exemplo, produz a celulose como se tricotasse polímeros de glicose. O que fizemos em nosso estudo foi potencializar, com a bromelina, a ação cicatrizante dessa nanocelulose que já estávamos produzindo na nossa plataforma de bioprodutos," disse Ângela.

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