Coração em um chip
Quando os bioengenheiros da Universidade de Berkeley (EUA) afirmaram que estavam com o coração na palma das suas mãos, eles não estavam falando de questões emocionais.
Kevin Healy e seus colegas estavam na verdade apresentando um "coração em um chip", uma rede de células musculares cardíacas totalmente funcionais, pulsantes, alojadas dentro de um dispositivo microfluídico de silício de forma a imitar a disposição das células humanas no órgão real.
Apenas 24 horas depois que as células cardíacas foram colocadas dentro da minúscula câmara, elas começaram a bater por conta própria a uma taxa normal de 55 a 80 batimentos por minuto.
"Este sistema não é uma simples cultura de células, onde o tecido está sendo mergulhado em um líquido estático," disse Anurag Mathur, membro da equipe. "Nós projetamos este sistema para que ele seja dinâmico. Ele replica como o tecido em nossos corpos fica exposto a nutrientes e medicamentos."
Melhor que cobaias
O biochip está repleto de células musculares cardíacas humanas, derivadas de células-tronco adultas, imitando de forma efetiva o tecido do coração humano, permitindo saber como o órgão real reage aos medicamentos cardiovasculares sem arriscar a vida dos pacientes e sem depender de modelos animais.
"Em última análise, esses chips podem substituir o uso de animais para analisar candidatos a medicamentos em relação à segurança e eficácia," disse Healy.
A equipe destaca a elevada taxa de falhas associadas com a utilização de modelos animais não-humanos para prever as reações humanas às novas drogas. Por isso várias equipes estão apostando nestes órgãos artificiais, já tendo construído um "pulmão em um chip" e um biochip que imita a asma.
A maior parte dos problemas é devida a diferenças fundamentais da biologia entre as espécies. Por exemplo, os canais de íons através dos quais as células do coração conduzem correntes elétricas variam em número e tipo entre seres humanos e outros animais.
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