14/02/2017

Descoberta conexão entre perda de apetite e infecção bacteriana

Redação do Diário da Saúde
Descoberta conexão entre perda de apetite e infecção bacteriana
As bactérias lutam contra a perda de apetite para tornar o hospedeiro mais saudável, facilitando sua sobrevivência e transmissão.
[Imagem: Salk Institute]

Por que perdemos o apetite?

A perda de apetite é parte da resposta normal do nosso corpo a uma doença - uma gripe ou uma infecção intestinal, por exemplo.

Mas os cientistas ainda não têm uma compreensão adequada de por que isso ocorre, e nem tampouco como o sintoma deve ser enfrentado.

Por exemplo, em alguns casos, comer menos durante a doença promove uma recuperação mais rápida, mas, noutras vezes - entre os pacientes com câncer, por exemplo - a perda de apetite pode ser mortal.

Agora, pesquisadores do Instituto Salk (EUA) finalmente encontraram uma pista para esse enigma.

Conexão entre apetite e infecção

O que se descobriu é que as bactérias bloqueiam a resposta de perda de apetite em seu anfitrião com dois objetivos: deixar o hospedeiro mais saudável e facilitar a transmissão das bactérias a outros hospedeiros.

Esta conexão entre o apetite e a infecção pode ajudar no tratamento de doenças infecciosas, no controle da transmissão de infecções e na perda de apetite associada com doenças, envelhecimento, inflamações ou intervenções médicas, como a quimioterapia.

"Há muito tempo se sabe que as infecções causam perda de apetite, mas a função disso, se é que existe alguma, está apenas começando a ser compreendida," disse a professora Janelle Ayres, coordenadora da equipe.

Virulência versus transmissão

Animais de laboratório infectados com a bactéria Salmonella Typhimurium tipicamente perdem o apetite e sua condição se agrava conforme as bactérias se tornam mais virulentas, propagando-se dos intestinos para outros tecidos. Mas, durante os experimentos, aqueles que foram forçados a consumir calorias extras apesar de sua perda de apetite na verdade sobreviveram mais tempo.

Acontece que esta sobrevivência não foi devida a uma resposta imunológica mais ativa por parte dos animais bem alimentados. Em vez disso, foi porque a Salmonella não estava se espalhando para fora dos intestinos e pelo resto do corpo quando os animais comiam mais, o que permitiu que eles se mantivessem saudáveis apesar da infecção.

Ainda mais surpreendente, a Salmonella estava agindo no intestino para tentar suprimir a perda de apetite no hospedeiro.

"O que descobrimos é que a perda de apetite faz com que a Salmonella seja mais virulenta, talvez porque ela precisa ir além dos intestinos para encontrar nutrientes para si mesma. O aumento da virulência mata seu hospedeiro muito rápido, o que compromete a capacidade da bactéria de se espalhar para novos hospedeiros. Esse compromisso entre a transmissão e a virulência não havia sido observada antes - acreditava-se que a virulência e a transmissão estivessem acopladas," disse a pesquisadora Sheila Rao.

Por sua vez, quando o hospedeiro comeu mais e sobreviveu mais tempo durante a infecção, as bactérias se beneficiaram de outra forma, sendo capazes de se espalhar por meio das fezes para outros animais e aumentar a sua transmissão entre hospedeiros, em comparação com as bactérias nos animais que não comeram e morreram mais cedo devido à maior virulência bacteriana.

O estudo foi publicado na revista Cell.

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