Famas injustificadas
Está cada vez mais claro que os médicos - e a população em geral - terão que refazer seus conceitos sobre os riscos associados com o colesterol.
Há poucos dias se confirmou que os benefícios do colesterol bom foram exagerados, podendo até mesmo fazer mal ao coração.
Agora se descobriu que pessoas acima dos 60 anos de idade com altos níveis de lipoproteína de baixa densidade (LDL-C), o chamado "colesterol ruim", vivem mais do que as pessoas de mesma idade que apresentam baixos níveis de LDL.
A descoberta foi feita por uma equipe internacional de especialistas que analisou estudos envolvendo mais de 68.000 participantes com mais de 60 anos de idade.
Colesterol ruim fica bom na terceira idade
Os dados colocam em xeque a chamada "hipótese do colesterol", que tem servido como justificativa para recomendar que as pessoas com níveis elevados de colesterol tomem estatinas de forma preventiva.
"Sabemos há décadas que o colesterol total elevado se torna um risco muito mais fraco para a doença cardiovascular com o avançar da idade," disse o professor David Diamond, da Universidade da Flórida (EUA). "Nesta análise, nós nos concentramos no chamado 'mau colesterol', que tem sido responsabilizado por contribuir para doenças do coração."
"Nós descobrimos que vários estudos relatam não só a falta de associação entre baixos níveis de LDL-C [com o risco cardíaco], mas a maioria das pessoas nesses estudos apresentou uma relação inversa, o que significa que níveis mais altos de LDL-C entre os idosos é frequentemente associado com uma vida mais longa", acrescentou.
Colesterol contra Parkinson e Alzheimer
Mas por que o risco vira proteção com o passar da idade?
O Dr. Diamond afirma que a pesquisa indica que o colesterol elevado pode proteger contra outras doenças que são comuns em idosos. Por exemplo, níveis elevados de colesterol estão associados com uma taxa mais baixa de doenças neurológicas, tais como a doença de Parkinson e a doença de Alzheimer.
Outros estudos sugeriram que um LDL-C elevado pode proteger contra algumas doenças, muitas vezes fatais, tais como o câncer e doenças infecciosas, e que ter baixos níveis de LDL pode aumentar a susceptibilidade a estas doenças.
Como conclusão, a equipe pede uma reavaliação da necessidade de medicamentos, como estatinas, que são destinadas a reduzir o LDL com a alegação de prevenir doenças cardiovasculares.
Questões para o futuro
"Nossos resultados colocam várias questões relevantes para o futuro," disse o Dr. Uffe Ravnskov, coautor da análise. "Por exemplo, por que o colesterol total é um fator [de risco] para a doença cardiovascular para os jovens e pessoas de meia-idade, mas não para os idosos? Por que um número substancial de pessoas idosas com níveis elevados de LDL-C vivem mais do que os idosos com baixos níveis de LDL-C?"
Os resultados da análise foram publicados na revista Expert Review of Clinical Pharmacology.
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