"Não à Codeína"
A Academia Norte-Americana de Pediatria está pedindo com veemência aos pais e profissionais de saúde que parem de dar codeína às crianças, argumentando que é preciso divulgar melhor os riscos e as restrições ao uso desse medicamento em pacientes com menos de 18 anos de idade.
A entidade divulgou um relatório clínico intitulado "Codeína: É Hora de Dizer Não", que demonstra o uso contínuo da droga em contexto pediátrico, apesar das crescentes evidências ligando o analgésico a reações com risco de vida ou reações respiratórias fatais.
Uma droga opioide - ou opiácea - utilizada há décadas em medicamentos para dor e fórmulas para a tosse, a codeína é convertida pelo fígado em morfina. Por causa da variabilidade genética que determina a velocidade com que o corpo metaboliza a droga, ela proporciona alívio inadequado para alguns pacientes, mas um efeito muito forte para outros, esclarece a entidade.
Isto porque determinados indivíduos, especialmente as crianças e as pessoas com apneia obstrutiva do sono, são "metabolizadores ultrarrápidos" e podem experimentar taxas respiratórias severamente lentas ou até mesmo morrerem depois de tomar uma dose padrão de codeína.
Perigoso, mas vendido sem receita
Apesar desses riscos serem bem documentados e das preocupações expressas por grupos como a própria Academia Norte-Americana de Pediatria, a FDA e a Organização Mundial de Saúde, a codeína ainda está disponível sem receita médica em vários medicamentos contra a tosse.
Segundo o relatório, os otorrinolaringologistas foram os prescritores mais frequentes das formulações líquidas codeína/paracetamol (19,6%), seguidos pelos dentistas (13,3%), pediatras (12,7%) e clínicos gerais/médicos de família (10,1%).
O relatório descreve ainda possíveis alternativas para proporcionar alívio da dor em crianças, mas reconhece que relativamente poucos medicamentos seguros e eficazes estão disponíveis para uso pediátrico.
"A gestão eficaz da dor para crianças permanece um desafio," disse o Dr. Joseph D. Tobias, principal autor do relatório, "porque os corpos das crianças processam as drogas de forma diferente dos adultos."
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