A maioria das pessoas que fazem cirurgias de correção de orelha de abano busca fugir do bullying, segundo especialista no assunto, cirurgião plástico Marcelo Assis.
Ele é coordenador nacional do Projeto Orelhinha, organização da sociedade civil de interesse público que há cinco anos faz mutirão de cirurgias pelo país para todas as classes sociais.
"Crianças e adultos sofrem muito com o problema por causa de apelidos, humilhações na escola ou no trabalho e isso acaba gerando uma dificuldade na vida da pessoa. Então existe uma demanda muito grande na sociedade por esse tipo de cirurgia", disse.
Assis ressaltou que a orelha de abano não é uma deformidade, apenas uma característica hereditária e que cerca de 3% da população têm esse excesso de cartilagem na orelha. "Outras causas [da orelha de abano] são pela posição uterina, o neném fica com a orelha dobradinha no útero e acaba nascendo com uma orelhinha aberta e outra fechada", explicou.
Otoplastia
Chamada de otoplastia, a cirurgia é oferecida para pessoas a partir de sete anos de idade. O projeto viabiliza subsídio de 70% do custo do tratamento. Os 30% restantes, cerca de R$1.800, são custeados pelo próprio paciente para pagar os materiais cirúrgicos, medicamentos, ajuda de custo dos profissionais envolvidos, além das despesas hospitalares, operacionais e administrativas. Há também cirurgias com 100% de gratuidade para crianças entre 7 anos e 14 anos de famílias pobres.
O médico lamentou que esse tipo de operação seja considerada de estética, não sendo coberta pelos planos de saúde e raramente oferecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O valor da cirurgia pode chegar a R$ 8 mil.
"Para nós essa é uma cirurgia social, pois o impacto que gera no pós-operatório é muito grande", destacou, "por isso existe o Projeto Orelhinha". Mais de 10 mil pessoas já foram operadas nos mutirões organizados pelo programa.
A cirurgia de otoplastia é feita com anestesia local e dura cerca de 40 minutos. O paciente recebe alta médica algumas horas após o procedimento. O pós-operatório consiste no uso de uma faixa de atadura durante quatro dias. Cinco dias após a cirurgia, o paciente já pode retomar as atividades normais e usa faixa tipo bailarina apenas para dormir durante mais 25 dias. Ele não pode praticar esportes com bola ou lutas e se expor ao sol e mergulhar em piscina ou no mar por um mês.
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