O vírus influenza, causador da doença, é extremamente mutável, fazendo com que as vacinas para as gripes sazonais precisem ser alteradas constantemente.
Contudo, novos estudos, publicados na revista científica Nature Medicine, trazem a esperança de que, em breve, será possível fabricar uma vacina universal contra a gripe.
O vírus influenza é capaz de mudar as proteínas da sua superfície tão facilmente como se trocasse de roupas.
No entanto, o material localizado no seu interior é comum a várias de suas mutações, levando os cientistas a acreditar que se concentrar no núcleo do vírus pode ser a chave para desenvolver uma vacina universal, que funcione contra todos os tipos de gripe.
Acredita-se que uma parte específica do sistema imunológico, conhecida como células-T, seja capaz de reconhecer as proteínas que ficam no centro do vírus.
Miolo mole
Para examinar como essas células-T reagem diante da presença do vírus, pesquisadores do Imperial College, de Londres, analisaram 342 funcionários e estudantes que contraíram gripe suína.
Eles estimam que ter-se deparado com a "casca" do novo vírus deve ter sido uma experiência completamente diferente para o sistema imunológico, mas acreditam que o material localizado no seu núcleo não deve ter causado espanto às defesas do corpo humano.
A equipe analisou os níveis de um tipo de células-T no início da infecção dos pacientes analisados e constatou que, quanto mais células-T eles tinham, mais amenos eram os sintomas.
Os pesquisadores então isolaram a parte do sistema imunológico que oferecia algum tipo de proteção à pandemia e a parte do vírus que estava sendo atacada, provavelmente comum a várias de suas mutações.
"Esta é a base para uma vacina", resumiu Ajit Lalvani, líder da pesquisa.
"Nós agora conhecemos exatamente o subgrupo do sistema imunológico que defende o organismo e identificamos os fragmentos-chave no núcleo do vírus que são atacados. Eles devem ser incluídos em uma vacina," completou.
Esperançosos e céticos
O pesquisador avalia que, se as conclusões do estudo estiverem corretas, deverá ser possível fabricar uma vacina universal contra a gripe em cerca de cinco anos.
Já o professor John Oxford, da Universidade Queen Mary, está cético em relação à criação de uma vacina universal.
"Seu efeito não poderá ser tão poderoso. Não vai resolver todos os problemas de pandemias de gripe, mas pode se somar às opções atuais de vacinas", avalia.
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