30/03/2015

Centenas de estudos sobre diabetes podem ter falhas

Redação do Diário da Saúde

Anos de pesquisa sobre diabetes, realizadas em camundongos cujo DNA é alterado com um gene do hormônio do crescimento humano, agora precisarão passar por uma reinterpretação dos seus resultados.

Camundongos geneticamente modificados vêm sendo utilizados nas pesquisas científicas e médicas há mais de trinta anos.

Para acelerar a manipulação genética necessária para fazer os animais servirem como modelo para a doença humana, juntamente com as modificações adequadas no DNA, os cientistas inserem também um gene do hormônio de crescimento humano, assumindo que o DNA desse hormônio permanecerá firmemente encapsulado no DNA modificado do camundongo.

Mas parece que não é isso o que acontece, e agora descobriu-se que os camundongos começam a produzir seu próprio hormônio do crescimento, alterando sua produção de insulina, o que afeta os resultados das pesquisas.

Produção de insulina

Frans Schuit e John Creemers, da Universidade Católica de Leuven (Bélgica), constataram que as camundongos fêmeas geneticamente modificadas para pesquisas sobre diabetes apresentam sintomas de gravidez, apesar de não estarem grávidas

Indo mais a fundo, eles descobriram que este estado similar à gravidez é causado pelo hormônio do crescimento humano.

"Nos camundongos, o hormônio do crescimento humano tem o mesmo efeito que os hormônios produzidos pela placenta das fêmeas grávidas. Exatamente como na gravidez, as células do pâncreas responsáveis pela produção de insulina se alteram. Elas aumentam em número e começam a produzir mais insulina. E acontece que é exatamente isso o que nós estudamos nas pesquisas sobre diabetes," explica o professor Schuit.

Ciência inválida

A dupla identificou cerca de 250 estudos científicos publicados sobre diabetes feitos com esses camundongos "contaminados".

"Em muitos deles, os pesquisadores estavam olhando para ver se um determinado gene desempenhava um papel na produção de insulina. Os camundongos geneticamente modificados distorcem os resultados por causa do hormônio de crescimento humano, de modo que, em muitos casos, o efeito desse gene foi sobrevalorizado ou subvalorizado. Esses resultados devem agora ser reinterpretados," disse o professor Creemers.

Recentemente vários estudos genéticos sobre a longevidade foram invalidados por problemas na manipulação dos animais usados naquelas pesquisas.

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