16/09/2014

Bactéria vaginal produz novo tipo de antibiótico

Com informações da Nature
Bactéria vaginal produz novo tipo de antibiótico
O antibiótico lactocilina foi isolado de uma colônica de Lactobacillus bacterium, presente na vagina humana.
[Imagem: BSIP SA/Alamy]

A existência de bactérias benéficas no nosso organismo é bem conhecida há muito tempo, já existindo até um cadastro de micróbios benéficos no corpo humano.

Mas agora parece que algumas bactérias podem ir além, produzindo substâncias equivalentes a medicamentos.

O comportamento foi confirmado verificando que uma bactéria que vive na vagina produz um novo tipo de antibiótico extremamente eficaz.

A substância, chamada lactocilina, é a primeira daquilo que os cientistas esperam ser uma nova abordagem para a geração de novos medicamentos.

Tiopeptídeos

Michael Fischbach e seus colegas da Universidade da Califórnia em São Francisco (EUA) elaboraram um algoritmo de aprendizado de máquina - um programa de computador - capaz de localizar genes já conhecidos com capacidade de produzir pequenas moléculas que possam agir como fármacos.

Então eles puseram o programa para caçar genes em uma base de dados do microbioma humano.

Segundo reportagem publicada pela revista Nature, a pesquisa resultou em milhares desses genes produtores de fármacos dentro de micróbios vivos sobre e dentro do corpo humano.

Algumas dessas substâncias são semelhantes a drogas testadas em ensaios clínicos, como por exemplo uma classe de antibióticos chamada tiopeptídeos.

"Nós nos acostumamos a pensar que as drogas são descobertas por empresas farmacêuticas e prescritas por um médico e então chegam até você," disse Fischbach. "O que nós descobrimos é que as bactérias que vivem sobre e dentro dos seres humanos estão contornando esse processo, pois elas produzem medicamentos diretamente no nosso corpo."

Antibiótico de bactéria vaginal

Para comprovar as conclusões do seu programa, a equipe de Fischbach purificou uma dessas substâncias produzidas por bactérias: um tiopeptídeo produzido por uma bactéria que normalmente vive na vagina humana.

Eles descobriram que a droga pode matar os mesmos tipos de bactérias que outros antibióticos do mesmo tipo, como a Staphylococcus aureus, que pode causar infecções na pele.

O estudo não comprovou que as bactérias vaginais humanas produzem o antibiótico dentro do organismo da mulher - o que eles demonstraram é que as bactérias produzem o antibiótico quando são cultivadas em laboratório.

Vários especialistas se manifestaram entusiasmados com os resultados, que demonstram que o microbioma humano pode se tornar uma fonte de novos medicamentos.

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